Nessa Carson é formada em Química Orgânica e trabalha no Reino Unido na área de Química Medicinal. Ela tem vasta experiência na fabricação de novas moléculas - cada uma delas uma substância com potencial para um dia chegar às prateleiras de uma farmácia. Mas não é simples.
É um trabalho estilo Thomas Edison. O inventor da lâmpada elétrica tentou mais de 700 vezes até obter sucesso. Na área de Nessa Carson, uma enorme fatia de substâncias fabricadas não se torna um fármaco. Mas cada uma dessas moléculas é importante: entrega alguma informação útil, completando as peças de um quebra-cabeça.
Eu encontrei Nessa num grupo em inglês sobre melhoramento cognitivo. Ela examinava e comentava acerca de um certificado de análise da New Mind - empresa estrangeira que vende nootrópicos. O produto em questão era o fluoromodafinil - versão '2.0' do modafinil, usado off-label para aumentar a concentração e o alerta - e Nessa Carson foi bem crítica à qualidade da amostra. Ela apontou falhas e problemas em potencial identificados na análise da amostra.
Nos Estados Unidos, os revendedores exploram uma brecha legal: não é ilícito vender esses produtos, desde que seja explícito que eles "não são para consumo humano" e que são "para fins de pesquisa em laboratório". Na prática, essa área cinzenta da legislação possibilita que mesmo substâncias nunca submetidas ao escrutínio de ensaios clínicos cheguem a milhares de consumidores.
Nessa entrevista, ela comenta um pouco sobre as propriedades do fluoromodafinil e sobre sua interpretação desse mercado de nootrópicos.