sábado, 24 de março de 2018

Curcumina, a molécula de ouro: neuoroprotetora e antidepressiva?



Qualquer ávido leitor de conteúdos sobre saúde já se deparou com o processo de beatificação do açafrão da terra (Curcuma longa), um condimento já usado há tempos imemoriais. A curcumina, que é a principal molécula ativa desse condimento coleciona títulos de honra na literatura: antioxidante [1], anti-inflamatória [2], um possível agente anticarcinogênico [3], antimicrobiana [4] e hepatoprotetora [5].

Uma tonelada de artigos científicos apontam que o estresse oxidativo e a neuroinflamação prolongados são os maiores arqui-inimigos do cérebro. Estão associados com o declínio cognitivo e a demência [6]. Por fazer frente aos radicais livres e à citocinas pró-inflamatórias, faz sentido que a curcumina proteja o cérebro.
Curcumina inibe a via de produção de citocinas inflamatórias

Em áreas rurais da Índia, onde o consumo de açafrão é um dos mais altos do mundo, a prevalência de Alzheimer em idosos é "uma das mais baixas já registrada" [7]. Idosos que habitualmente consomem açafrão tiveram pontuações melhores num teste que avalia as funções cognitivas que aqueles que raramente/nunca comem [8].


Benefícios em curto-prazo
O que geralmente se pensa é que o consumo regular desse agente neuroprotetor garante uma terceira idade mais "lúcida", afastando doenças neurodegenerativas. Mas uma pesquisa sugere que os benefícios ao intelecto podem aparecer prontamente. 

Num ensaio clínico, idosos saudáveis que receberam curcumina, tiveram um melhor desempenho cognitivo já uma hora após o uso, comparado a um grupo placebo. Eles pontuaram mais em testes que exigiam foco contínuo e memória operativa. Após 4 semanas de uso contínuo, eles também tiveram uma redução da fadiga e menos estresse psicológico [9].

Potencial como antidepressivo

Evidências promissoras apontam que a curcumina tem um efeito antidepressivo. Nesses estudos, demonstrou-se que ela é capaz de bloquear as enzimas que destroem a dopamina, serotonina e noradrenalina. Como consequência, aumenta-se a disponibilidade desses neurotransmissores que regulam o humor, bem-estar, motivação e energia nas sinapses [10].

Outras ações

Como se não fosse o bastante, estudos em animais adultos indicaram que ela consegue aumentar a neurogênese no hipocampo e no córtex pré-frontal – duas áreas com importante papel na cognição e que se comunicam para a formação de memórias [11]. 

Um curioso estudo em mulheres demonstrou que a curcumina aumentou os níveis de um "fertilizante cerebral", o BDNF [12]. É uma neurotrofina que estimula a maturação, crescimento, reparo e integridade dos neurônios, sendo um importante elemento na plasticidade neuronal, memória e humor [13]. As mulheres que ingeriram curcumina tiveram melhora do humor, comportamento e redução de sintomas físicos durante a TPM - creem os cientistas, devido ao aumento de BDNF.

O problema com a curcumina

Apesar de tantos benefícios, há uma pedra no meio do caminho: a curcumina é pouco absorvida e é rapidamente metabolizada. Esse problema da biodisponibilidade, aparentemente, pode ser contornado com o uso da piperina - um dos componentes presentes na pimenta-do-reino, a Piper nigrum. Estudo farmacocinético demonstrou que esse princípio pode aumentar a biodisponibilidade da curcumina em 2000% [14]. 

Há outras formulações disponíveis, empregando tecnologias diversas, com o intuito de aumentar a absorção da curcumina. Isso é crítico para que muitos dos benefícios observados em estudos com animais se traduzam em realidade, em humanos.

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Referências

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