ATENÇÃO: O piracetam possui fins terapêuticos no Brasil. Aniracetam, oxiracetam e pramiracetam não possuem registro na Anvisa. Qualquer um desses fármacos só deve ser utilizado - tanto comprado nacionalmente quanto importado - sob autorização e conhecimento de um médico, a fim de resguardar a sua própria saúde. Esse artigo tem somente fins informativos e de debate científico. E, é claro, a analogia gastronômica que embala o artigo serve apenas para entreter. Escolher "o melhor racetam" não é algo trivial quanto "você gosta mais de vinho tinto, branco ou rosé?"
No banquete de nootrópicos, é sempre a mesma pergunta que costuma vir à tona: qual é o melhor racetam? Não é para menos: a carta de racetams é tão, mas tão extensa, que nem o melhor sommelier do mundo se daria conta de citar - que dirá conhecer bem - todos que existem. Não estou exagerando.
Parece que, depois do desenvolvimento do progenitor - o piracetam, lá na década de 1960 - os cientistas desenvolveram o fetiche de criar qualquer molécula na qual eles pudessem colocar o sufixo racetam. Na verdade, pesquisadores dinamarqueses já fizeram a contabilidade dessa tara científica. Eles dizem que entre 1965 e 1992, foram 1666 racetams diferentes descritos na literatura.
De 1992 para cá, não apenas a árvore genealógica da família racetam ganhou novos galhos, mas também explodiu o interesse popular por eles. Por "interesse popular", falo das pessoas perfeitamente saudáveis que veem no cardápio farto de racetams uma esperança de ampliar suas capacidades cognitivas para além do "humanamente normal".
Bom apetite |
Por "não possuir registro", esses racetams ficam numa zona cinzenta da legislação. Eles não são aprovados para o tratamento de qualquer doença ou para qualquer outro fim médico (não, nem mesmo para neurocosmética). Ao mesmo tempo, não são considerados ilícitos. São, simplesmente, não registrados - e, em teoria, qualquer um pode (do verbo poder, e não dever) comprá-los para uso pessoal.
Legalidades a parte, o uso, é claro, está longe de ser uma atitude sensata sem que haja uma consulta com e o aval de um médico. E, dificilmente, você obteria orientação de um profissional registrado no CRM para usar um aniracetam, oxiracetam ou pramiracetam. Primeiro, o óbvio: os médicos estudaram, em Medicina, como curar ou amenizar os sintomas de patologias - e não como aperfeiçoar humanos saudáveis.
E, segundo - o que é ainda mais grave: mesmo que um médico se dispusesse a colocar a lupa na literatura existente, não há muito para apoiar o uso dos demais racetams. O piracetam é fichinha: a própria bula técnica admite que ele aprimore a cognição de pessoas saudáveis - embora essa não seja sua indicação. Mas os demais racetams - embora reconhecidamente mais potentes e também mais poderosos - são menos estudados. Um pouco mais sobre isso na conclusão do artigo.
Fato é que essa escassez de estudos científicos em humanos saudáveis não acaba com o apetite de muita gente. Seguindo a óbvia do "não aprovado, mas lícito", nos Estados Unidos, há sites que oferecem um verdadeiro cardápio de racetams para os interessantes. E no meio da orgia gastronômica fica difícil entender a diferença entre um racetam e outro. Ainda mais nesses sites, fica difícil separar o que é puro marketing, o que é experiência pessoal e o que é pesquisa científica sólida.
Bom, eu levaria alguns meses de trabalho ininterrupto para pesquisar, interpretar e entender os sabe-se-lá-quantos racetams que foram cozinhados até hoje. Isso está fora do escopo desse artigo. Os cientistas investigaram mais alguns racetams do que outros - e esse que nós vamos ver mais a fundo.
O que são os racetams (e uma receita para cozinhar o seu)
Responder o que é um racetam pode ser um desafio do ponto de vista farmacológico. Essas substância não guardam muito padrão na farmacocinética, na solubilidade, e na metabolização. Eles tem alguns efeitos muito parecidos no cérebro - e falaremos deles mais adiante.
Estrutura da pirrolidona |
O anel pirrolidônico nada mais é que estrutura química amigável representada ao lado. Na arquitetura de um pentágono, existe um átomo de nitrogênio encontra-se na posição 1. E o seu vizinho - na posição 2 - é um carbono ligado, por uma ligação dupla, com um oxigênio.
É por causa disso que é muito simples fazer seu próprio racetam. Numa folha de papel, desenhe o anel pirrolidônico. Em seguida, adicione uns radicais químicos (um átomo de bromo ou de flúor é o ideal para uma versão hardcore) aos carbonos que faltaram (3, 4 e 5). É só untar com lecitina, patentear e, parabéns, mais um racetam terá surgido para as estatísticas.
É por causa disso que é muito simples fazer seu próprio racetam. Numa folha de papel, desenhe o anel pirrolidônico. Em seguida, adicione uns radicais químicos (um átomo de bromo ou de flúor é o ideal para uma versão hardcore) aos carbonos que faltaram (3, 4 e 5). É só untar com lecitina, patentear e, parabéns, mais um racetam terá surgido para as estatísticas.
Por causa desse núcleo pirrolidônico, aniracetam, oxiracetam e piracetam (e os outros 2000 racetams) recebem a alcunha de racetams. Como numa família, todos eles tem algumas características em comum. Está no DNA - que, para todos os efeitos, seria a pirrolidona que todos eles conservam.
Sugestão de passatempo: procurar o anel pirrolidônico em cada uma das moléculas acima |
O doutor Andrew Hill, um PhD em Neurociência Cognitiva pela Universidade de Califórnia, reitera, em entrevista ao podcast Smart Drugs Smarts: "Todos os racetams possuem o anel pirrolidônico". Em seguida, descreve: "Os efeitos subjetivos do piracetam, aniracetam, oxiracetam e pramiracetam são muito similares. (...) Todos eles aguçam os sentidos, todos ajudam um pouco com o foco e auxiliam na fluência verbal (...). E, provavelmente, todos fazem coisas parecidas no nível subcelular".
Quem completa é o bioquímico e farmacêutico Phil Micans, em outra entrevista ao mesmo podcast: "Basicamente, quando olhamos para os estudos clínicos sobre os racetams, notamos que há seis benefícios que eles trazem ao cérebro. Primeiro, eles otimizam o metabolismo cerebral. Segundo, eles aumentam (a produção do) ATP - trifosfato de adenosina, a moeda energética universal. Eles otimizam a síntese de proteínas e de fosfolipídios. Eles aumentam a utilização de oxigênio e de glicose".
Phil Micans continua: "Eles podem ter algumas ações em neurotransmissores - em especial a acetilcolina e o glutamato. De modo geral, não há muitas modificações químicas induzidas pelos racetams, o que pode ser a principal razão para que eles exibam tão poucos efeitos colaterais".
Por fim, Micans diz: "O mecanismo de ação primário deles parece ser o aumento da estimulação elétrica - com melhora da comunicação entre os dois hemisférios do cérebro por meio do corpo caloso (...). Isso pode fazer com que as ideias se tornem mais frequentes".
Na verdade, isso mais parece ser uma convicção pessoal de Phil Micans. Está longe de haver um consenso sobre o mecanismo de ação exato dos racetams no meio científico. O que parece é que os racetams trabalham nos "bastidores" das vias biomoleculares que são responsáveis pelo aprendizado e pela memorização.
Ao protegerem neurônios, facilitar as sinapses e manipular determinados receptores químicos, os racetams favoreceriam a formação de redes neurais mais fortes. A construção de uma teia sináptica mais resistente, em seu turno, poderia estender nossa capacidade de armazenamento de informações e, mais que isso, tornar a aquisição do aprendizado mais fácil e as recordações mais vívidas.
Na verdade, isso mais parece ser uma convicção pessoal de Phil Micans. Está longe de haver um consenso sobre o mecanismo de ação exato dos racetams no meio científico. O que parece é que os racetams trabalham nos "bastidores" das vias biomoleculares que são responsáveis pelo aprendizado e pela memorização.
Ao protegerem neurônios, facilitar as sinapses e manipular determinados receptores químicos, os racetams favoreceriam a formação de redes neurais mais fortes. A construção de uma teia sináptica mais resistente, em seu turno, poderia estender nossa capacidade de armazenamento de informações e, mais que isso, tornar a aquisição do aprendizado mais fácil e as recordações mais vívidas.
Apesar de conservarem muitas semelhanças em seus efeitos, piracetam, aniracetam, oxiracetam e pramiracetam não são exatamente iguais. Longe disso. Quimicamente, as disparidades vem dos diferentes radicais que foram adicionados ao anel pirrolidônico em cada molécula. Você pode conferir as diferenças gerais entre eles, em gráficos, no fim da matéria.
É como fazer modificações numa mesma receita. Um bolo é sempre um bolo - mas um bolo de chocolate não será o mesmo que um bolo de morango. Da mesma forma, pequenas modificações nas estruturas químicas das moléculas podem causar grandes mudanças - mesmo que elas continuem sendo da mesma família química.
"Há algumas diferenças sutis entre os quatro racetams mais populares comercialmente", diz Phil Micans. Também o doutor Andrew Hill reconhece as facetas de cada um ao longo de sua entrevista ao podcast Smart Drug Smarts.
Ao compilar o perfil farmacológico do piracetam, aniracetam, oxiracetam e pramiracetam, focarei nas peculiaridades de cada um. Para isso, vou me amparar tanto na ciência quanto em relatos - feito pelas mesmas pessoas - sobre essas drogas.
Ao compilar o perfil farmacológico do piracetam, aniracetam, oxiracetam e pramiracetam, focarei nas peculiaridades de cada um. Para isso, vou me amparar tanto na ciência quanto em relatos - feito pelas mesmas pessoas - sobre essas drogas.
Piracetam: o racetam eloquente
*Preços consultados para fins informativos no Powder City, desconsiderando custos de importação e considerando US$ 1,00 = R$ 4,00 |
Deixando a ficção de lado, o piracetam já se mostrou eficiente em beneficiar determinados aspectos intelectuais - mesmo em indivíduos saudáveis. Antes de falarmos de como o piracetam se expressa - isto é, quais partes da inteligência essa droga teria potencial para ampliar, na prática - vale a pena entender como ele age no cérebro.
"Nós sabemos de pelo menos duas ou três coisas que o piracetam faz no cérebro. O piracetam muda completamente a flexibilidade das membranas das células. Ele torna essas membranas mais flexíveis, meio que escorregadias", explica o doutor Andrew Hill. Isso, porém, é muito mais verdade para pessoas idosas do que indivíduos jovens.
Mas qual é a importância de membranas mais fluidas? É que isso ajudaria na "conversa" entre as células do cérebro. Para se comunicar, um neurônio utiliza mensageiros químicos (chamados de neurotransmissores). Só que um neurônio jamais toca o outro. O que acontece é que os neurotransmissores caem num espaço de comunicação - a sinapse. A conversa só acontece quando o mensageiro químico encontra um receptor específico, uma proteína localizada na membrana de outro neurônio.
Na imagem acima, observe as proteínas que estão atravessadas na membrana plasmática da célula (a superfície "rugosa"). Elas possuem atração e um formato geométrico perfeito para determinado neurotransmissor. É a partir do encaixe entre esses dois personagens que surgem as sinapses - a fundação para a construção de aprendizados. A imagem acima é adaptada do excelente blog de John Liebler - o Art of The Cell (vale a pena conferir outras) |
Ao tornar as membranas mais flexíveis, o piracetam garantiria um aumento da chance de encontro entre as fechaduras com suas chaves. "Ele provavelmente aumenta a atividade dos receptores de membrana - ele tem que aumentar", diz o doutor Andrew Hill. E isso daria mais músculo às conversas que os seus neurônios fazem. Isso favoreceria o aprendizado e facilitaria o resgate de informações.
A bula do Nootropil também interpreta que o piracetam beneficia a comunicação entre os neurônios por meio de suas interações com as membranas. Eles dizem que a droga permite que "as proteínas da membrana e da transmembrana mantenham ou recuperem a estrutura tridimensional ou ainda que se dobrem o suficiente para desempenharem suas funções".
Teoria suficiente por ora (mas se quiser mais sobre o mecanismo de ação do piracetam, clique aqui). Vamos partir para a parte prática. Os benefícios do piracetam em cérebros saudáveis são, do ponto de vista mais otimista, modestos. Possivelmente, eles são potencializados com a atenção à ingesta de colina, um nutriente presente, por exemplo, na gema de ovos.
Mas, ainda assim, esses benefícios existem e são documentados. Em 1991, cientistas da Nova Zelândia lançaram uma visão panorâmica dos efeitos gerais do nootrópico após uma revisão da literatura científica existente até então. Eles dizem:
O piracetam é o primeiro dos chamados "nootrópicos" - uma classe única de drogas que afetam a função mental.
Em modelos animais e em voluntários saudáveis, a droga aumenta a eficiência das funções telencefálicas mais superiores do cérebro, envolvidas em processos cognitivos como o aprendizado e a memória (...). O piracetam facilita o aprendizado e a memória em animais saudáveis e também em animais cujas funções cerebrais foram comprometidas (...). O piracetam parece ser quase que completamente livre de efeitos adversos e é extremamente bem tolerado.
"Funções telencefálicas superiores" é um pouco vago. O piracetam parece beneficiar determinadas funções cerebrais mais do que outras. A droga parece ter certa "atração" pela atividade linguística. Não é à toa que os usuários do piracetam comumente falam de um aumento da "fluência verbal". Atividades como escrever, ler e falar em público poderiam ser facilitadas com o piracetam.
De fato, existe um estudo revelador que já investigou os efeitos do piracetam em pacientes que haviam sofrido um AVC e, como sequela, apresentavam afasia. A afasia é uma perda da linguagem por alguma lesão neurológica - mas esse quadro pode ser extremamente variado. Alguns pacientes não conseguem articular bem as palavras. Outros perdem totalmente a linguagem oral. Outros não conseguem mais "traduzir" símbolos em letras - dificultando a leitura e a escrita. De qualquer forma, há algum dano a capacidade de lidar com as palavras.
Pois bem: nesse estudo, os pacientes que receberam o piracetam tiveram uma recuperação muito melhor do que a do grupo placebo. Mas o que é mais impressiona é olhar para a tomografia dos pacientes. Veja a imagem abaixo. Na parte superior, está o grupo que recebeu placebo. Nas imagens de baixo, o grupo de pacientes que recebeu piracetam. O vermelho e o amarelo indicam o aumento do fluxo de sangue - e, logo, de oxigenação.
As imagens mostram que o piracetam teve como "alvo" certas regiões intimamente envolvidas com a linguagem. O piracetam "ativou" o giro de Heschl - área do cérebro recrutada para processar tudo aquilo que ouvimos. O piracetam também foi capaz de "ativar" a área de Wernicke, que é crucial para a compreensão da linguagem - é ela que nos permite articular palavras numa ordenação coerente. Outra região alvo do piracetam foi a área de Broca, que também está envolvida com a articulação das palavras.
Caixa estrangeira de Nootropil |
Mas o que isso significa para indivíduos normais? O piracetam seria capaz de ampliar as capacidades de linguagem num cérebro perfeitamente saudável? Há razões para acreditar que sim - ainda que de um modo bem mais sutil. O piracetam, quando administrado durante 21 dias, aumentou o aprendizado verbal de estudantes saudáveis em 8,6%; quando comparado a um placebo. Em crianças com dislexia, o ganho foi menos discreto: 15%, quando comparado a um placebo.
Tem mais. Lá em meados de 1970, pesquisadores alemães já haviam percebido que o piracetam era capaz de "facilitar o aprendizado em animais". Diante disso, eles resolveram investigar os efeitos cognitivos do piracetam em indivíduos saudáveis. Eles decidiram administrar 4800 mg de piracetam (ou placebo) por dia - dividido em três doses de 1600 mg ao longo do dia - para estudantes universitários. Eles estavam "em excelente saúde e boa condição física e mental".
Esses voluntários passaram por testes em que eles tinham que decorar palavras. Após 7 dias, os pesquisadores não notaram nenhuma diferença sequer entre o grupo placebo e o grupo que havia usado o piracetam. 14 dias após o início da investigação, contudo, o grupo que estava usando o piracetam "teve um aumento significativo do aprendizado verbal". Na conclusão, os pesquisadores declararam:
O fato é que o piracetam otimiza o aprendizado verbal e parece ser capaz de ampliar as funções intelectuais do homem. Nossos voluntários não eram idosos, não sofriam de nenhuma desordem neurológica, nem de estado confusional ou de qualquer outra patologia cerebral. Portanto, é possível estender o poder - mesmo de indivíduos que já são dotados de uma grande inteligência e uma boa memória - para níveis ainda maiores.
Aniracetam: o racetam ansiolítico
Há bastante diferenças entre o piracetam e o seu sucessor aniracetam. Podemos começar pelos dados mais técnicos. O aniracetam é um prato que causa saciedade em porções menores. Em Farmacologia, isso é chamado de "potência de uma droga". Não significa, necessariamente, que seja mais forte - apenas que requer doses menores para o mesmo efeito. Esse análogo do piracetam é comumente usado em doses totais de 1000-1500 mg, que são divididas em duas vezes ao longo do dia.
Isso o torna pelo menos três vezes mais potente que a "receita clássica". Nos estudos científicos, há uma tendência em favor de doses de 4800 mg de piracetam (divididas ao longo do dia) para o aumento cognitivo. Sim, é uma dose que beira ao in$u$tentável - e de custo/benefício duvidoso, uma vez que o piracetam não tem um efeito dramático na cognição.
O aniracetam também se distingue dos demais racetams por ter um efeito bem mais pronunciado em proteínas chamadas de AMPA. De fato, foi o aniracetam que inaugurou as pesquisas sobre as AMPAquinas. Para quem não conhece, essas são drogas que seriam capazes de tornar o cérebro uma esponja diante do conhecimento. A DARPA, instituição americana que se ocupa em desenvolver "surpresas tecnológicas para os inimigos dos EUA", investiga as ampaquinas, a fim de aumentar o desempenho militar. Uma visão um pouco mais detalhada sobre elas aqui, em inglês.
Não sei dizer se as ampaquinas mais fortes e mais seletivas - por ora, drogas experimentais - realmente darão frutos e criarão um exército com super memória. Mas é bom saber que elas se inspiram no mecanismo de ação do aniracetam - uma ampaquina fraca. Ao interagir com as proteínas AMPA, o aniracetam aprimora a comunicação dos neurônios com o neurotransmissor glutamato. Esse mensageiro químico está intimamente envolvido com o aprendizado e a memória - atividades que são, então, favorecidas com a modulação dos receptores AMPA pelo aniracetam.
A teoria por trás do aniracetam parece perfeita. Mas, e na prática, o que a ciência diz sobre os seus efeitos? Um estudo já investigou o potencial nootrópico do aniracetam em indivíduos saudáveis. Para tal, os pesquisadores usaram o chamado "modelo da escopolamina". Os voluntários recebem a escopolamina - que é como um "anti-nootrópico". Ela deteriora as capacidades cognitivas temporariamente.
O autor do estudo explica: "O sistema colinérgico está envolvido com a atenção (...). E a escopolamina antagoniza o sistema colinérgico, tornando (os voluntários) desatentos e causando amnésia", diz Keith Wesnes. O resto dessa história, você já deve imaginar: basta colocar o aniracetam em ação e verificar se essa droga seria capaz de combater os efeitos negativos da escopolamina. "O que nós descobrimos é que o aniracetam foi muito eficaz - e claramente reverteu os efeitos da escopolamina", diz Keith Wesnes.
O que é ainda mais interessante é que Wesnes e seus colegas compararam os efeitos do aniracetam com o do piracetam nesse mesmo modelo. Nesse ringue de nootrópicos, o aniracetam levou a vantagem. "Nós também estudamos o piracetam, que é o antecessor do aniracetam - mas não é tão potente quanto ele. O piracetam também teve alguns efeitos benéficos. Mas o aniracetam foi o mais eficaz dos dois e claramente reverteu os efeitos da escopolamina, que indica que ele pode ser usado como um melhorador cognitivo em pessoas saudáveis".
A afirmação que Wesnes faz é ousada - ainda mais considerando que o estudo apenas comprovou que o aniracetam restaura a cognição frente a um agente química que prejudica o raciocínio. Mas e em indivíduos que estão funcionando no seu nível ótimo? Wesnes diz que "esses compostos (os racetams) não necessariamente precisam de prejuízos temporários a cognição para demonstrar benefícios".
Diferente do piracetam, o aniracetam também possui efeito ansiolítico - isto é, ele diminui a ansiedade. Para você colocar em perspectiva a magnitude desse efeito, considere que uma das sequelas debilitantes de um AVC é a ansiedade. Cientistas estimam que um em cada quatro pacientes de AVC sofrem de estresse pós-traumático - forma grave de ansiedade. O aniracetam tem sido usado com sucesso em alguns países para o alívio da ansiedade pós-AVC.
Tais efeitos ansiolíticos também já foram demonstrados em um estudo feito com camundongos. Na verdade, o aniracetam se mostrou eficaz no combate à ansiedade em mais testes do que o diazepam (primo do Rivotril). Nos roedores, melhoras como o aumento da interação social foram observados. Os cientistas japoneses que publicaram o artigo demonstrando tais efeitos ansiolíticos tentaram entender a raiz dos benefícios calmantes.
Eles apresentaram razões convincentes para crer que o aniracetam afeta receptores de dopamina e serotonina - algo incomum para racetams. Ainda, o aniracetam aumenta os níveis de dopamina e serotonina no córtex pré-frontal - área do cérebro envolvida com a expressão da personalidade e as funções executivas (tomada de decisões, atenção, foco e memória operativa). Esses mesmos pesquisadores também demonstraram que o aniracetam possui efeitos antidepressivos.
Oxiracetam: o racetam estimulante
O oxiracetam tem a mesma roupagem que o piracetam - muda-se só um "detalhe". Se você comparar rapidamente para as estruturas químicas dos dois, vai achar que estamos falando do mesmo composto. Mas, não: o oxiracetam possui uma hidroxila (tradução: um radical -OH) ligado ao carbono 4 do anel pirrolidônico. Pode parecer insignificante - mas só por causa disso, temos dois compostos completamente distintos!
Para início de conversa, o oxiracetam é também consideravelmente mais potente do que o seu progenitor - com uma tendência para doses de 1200 mg até 2400 mg, divididas ao longo do dia.
Tudo bem, deixemos a química de lado por ora e vamos para a parte prática. Essa não poderia ser mais entusiasmante - com alguns estudos mostrando que o oxiracetam beneficia a memória de modo mais intenso do que o piracetam. Num estudo, roedores foram treinados de modo a aprender que uma plataforma era eletrificada. Sim, eles levaram alguns choques no meio do processo para fixar o aprendizado. Lição pelo medo. Nesse processo, alguns roedores receberam oxiracetam, outros piracetam.
O objetivo em usar os nootrópicos era conferir, mais tarde, como eles influenciavam a memorização. Para isso, os pesquisadores mediram o tempo que os roedores levavam até pisar na plataforma eletrificada. Aqueles que haviam usado oxiracetam foram mais inteligentes. O desempenho deles no teste de memória foi "evidentemente melhor" que o grupo que ficou com o piracetam. Ou seja: o oxiracetam foi mais eficaz em aumentar a memória. Se você precisa de um nootrópico para registrar melhor experiências traumáticas, o oxiracetam é para você.
Um uso inusitado (e inusitado é só um eufemismo) para o oxiracetam é o de criar bebês mais inteligentes. Sério: Lana Asprey usou o oxiracetam durante a sua gestação - como conta num livro onde ela dá instruções para um "bebê mais saudável, inteligente e feliz". E, sim, trata-se da mulher do Dave Asprey, aquele biohacker que iniciou o escarcéu do café à prova de balas.
Apesar de Lana Asprey ter levado a neurocosmética a um nível extremo, ela não está totalmente insana. Na verdade, há um estudo isolado que corrobora essa finalidade do oxiracetam. Trata-se de um estudo italiano, feito em camundongos, que investigou se o oxiracetam poderia causar algum dano ao embrião. Para isso, "camundongas" (com perdão ao neologismo) grávidas receberam o oxiracetam durante toda a gestação. Outras receberam apenas um placebo - também até "darem à luz".
Resultado: o oxiracetam não foi tóxico para os filhotes. Na verdade, a prole das camundongas que usaram o nootrópico saiu na vantagem! Os filhotes que foram expostos ao oxiracetam antes de nascer tiveram um desempenho cognitivo maior - e tudo isso de modo duradouro. Eles mostraram ser mais curiosos do que os filhotes do grupo exposto ao placebo logo no primeiro mês de vida. E, a três meses de idade, eles tinham um desempenho significativamente melhor em testes que mediam a memória.
E sobre estudos em humanos? Um que foi feito em idosos mostra que o oxiracetam é mais eficaz que o piracetam no aumento da memória. E, em geral, mostram que a droga é - curiosamente - um leve "otimizador da vigília". O oxiracetam tem veia para um leve estimulante. Ele já foi anedoticamente descrito como "a xícara de café dos racetams" - e alguns estudos fornecem munição para quem defende tal potencial psicotônico.
Num desses estudos, após três meses de terapia com o oxiracetam, 272 pessoas com demência tiveram um aumento na memória. Considerando outros estudos sobre o potencial do oxiracetam em pacientes com déficits de memória, isso já não deve mais uma surpresa. No entanto, o que esse estudo também avaliou foi a concentração dos pacientes. E o oxiracetam foi capaz de aumentá-la (ou, numa colocação mais exata: restaurá-la).
No estudo feito com idosos com "Síndrome Cognitiva" (uma classificação em desuso), o oxiracetam se mostrou capaz de reduzir a fadiga e aumentar a motivação dos pacientes. Curiosamente, o que os pesquisadores notaram ao realizar um eletroencefalograma foi uma "normalização" na frequência das ondas cerebrais desses idosos. Antes, eles tinham um excesso de ondas delta e teta - aquelas compatíveis com estados de sonolência e adormecimento.
Não apenas o oxiracetam demonstrou eficiência em diminuir a atividade das ondas delta e teta, mas houve um incremento da atividade das ondas alfa e beta - aquelas que são marcantes em estados de maior atenção e raciocínio complexo. Isso levou os pesquisadores à conclusão de que os nootrópicos podem compensar os "déficits no sistema de regulação da vigília" - sintoma que estava presente nesses idosos.
O que é mais curioso ainda: um estudo de 1986 também conferiu as alterações que o oxiracetam provoca num encefalograma - mas dessa vez foi em indivíduos completamente saudáveis. Os voluntários haviam recebido 5 mg de diazepam, um ansiolítico da mesma família do Rivotril, o benzodiazepínico mais querido no Brasil. Na manhã seguinte, receberam 1 grama de oxiracetam na veia ou placebo.
Os "zepams" costumam vir com um preço em longo prazo: uma deterioração da memória. Mas, mesmo quando usado só uma vez, eles podem causar uma queda na velocidade de raciocínio, concentração e também desinibição. Pois o oxiracetam foi capaz de reverter o eletroencefalograma "chapado" daqueles que haviam usado o calmante. O nootrópico teve um efeito dramático na redução da atividade das ondas delta - aquelas de sono profundo.
Ao mesmo tempo, o oxiracetam fez com que duas regiões, em especial, entrassem "em alfa". Tanto o lobo frontal, que processa a inibição e as funções executivas; quanto o lobo temporal, intimamente relacionado com o processamento da linguagem experimentaram um aumento na atividade das ondas alfa. Assim, o oxiracetam restaurou o eletroencefalograma desses pacientes de volta ao padrão natural - indicando maior vigília e alerta - mas sem abolir os efeitos ansiolíticos do diazepam.
Diante dessas evidências, um banco de dados já deu algumas estrelas ao oxiracetam no quesito estimulante. O HZI Data Bank Classification Systems, de acordo com este estudo, julgou o oxiracetam como um "composto que intensifica o estado de vigília". Há um abismo entre o oxiracetam e um composto eugeróico (como o modafinil - leia mais aqui). Os efeitos estimulantes desse racetam aparentam ser leves - mas não são negligenciáveis.
Pramiracetam: o racetam do foco
Ao falar do pramiracetam, estou adentrando a penumbra do mundo dos racetams. Não trata-se de um racetam "moderno" - na verdade, a ciência conhece o pramiracetam desde 1978. O mérito da receita vai para cientistas belgas que trabalhavam para a Parke-Davis (que hoje é subsidiária da famosa companhia farmacêutica Pfizer).
A droga praticamente conserva a estrutura original do piracetam - mas substitui a amida por um radical orgânico bem mais longo. Isso torna o pramiracetam mais lipossolúvel do que seu composto-pai. Apesar de não ser jovem, o pramiracetam é subestudado.
Pelo (pouco) que se sabe, trata-se de racetam potente - em especial comparado ao piracetam. Pelo menos para o tratamento de uma série de doenças que afetam as capacidades intelectuais, o pramiracetam se mostra eficiente em doses de 1200 mg - divididas em duas ou três vezes ao longo do dia. O pramiracetam já mostrou algum benefício mesmo em doses de 150 a 500 mg por dia.
Um estudo de 1991 avaliou a segurança e a eficiência do pramiracetam. Tal estudo foi feito no estilo duplo-cego, placebo-controlado, o Santo Graal das pesquisas científicas. Os voluntários eram homens que haviam passado por lesões cerebrais. Esses pacientes - que apresentavam problemas cognitivos como dificuldades com a memória - receberam pramiracetam, em doses de 400 mg, três vezes ao dia.
O que os resultados do estudo indicaram foi uma melhora notável dos pacientes que receberam o pramiracetam, quando comparados ao que receberam placebo - em especial na memória. A melhora no desempenho se manteve nos próximos 18 meses, já num ensaio clínico aberto. Melhor: mesmo um mês após pararem de tomar o pramiracetam, os benefícios não regrediram. Ou seja: a melhora cognitiva induzida pelo pramiracetam foi permanente.
O único estudo que verificou o uso do pramiracetam em humanos saudáveis não analisou seus efeitos como melhorador cognitivo. Em vez disso, os cientistas apenas atentaram para a capacidade do pramiracetam em reverter a amnésia induzida pela escopolamina. Nesse sentido, o pramiracetam foi capaz de reverter parcialmente os efeitos amnésicos da droga.
Há, contudo, um estudo que foi feito em ratos saudáveis. Os testes nos roedores mostraram que o pramiracetam possibilitou ganhos na memória de longo prazo - mas não teve efeito significativo na memória a curto prazo.
É verdade que o pramiracetam mantém-se numa área cinzenta do conhecimento científico porque muita pouca literatura foi escrita a seu respeito. No entanto, basta colocar a lupa em algumas nuances que esse nootrópico logo se destaca dos demais racetams.
Para início de conversa, o pramiracetam consegue "manipular" o seu cérebro ao interferir num processo chamado de recaptação de colina de alta afinidade.
No neurologuês, esse é um mecanismo de "reciclagem" de colina. Quando a acetilcolina é destruída, ela libera colina - e ela não é jogada no lixo. Pelo contrário, fica em "reservatórios" até ser transportada de volta para as células nervosas colinérgicas.
Daí, essa colina poderá ser reutilizada para fabricar mais acetilcolina - neurotransmissor envolvido com a memória. Mais sobre o processo de reciclagem na página 18 deste PDF.
Pois o pramiracetam dá uma mãozinha na reciclagem de colina, ao acelerar o transporte desse nutriente de volta aos neurônios colinérgicos. Isso foi observado no hipocampo - justamente, uma região do cérebro que tem um papel crucial na construção das memória a longo prazo. Por tabela, o pramiracetam também acelera a síntese da acetilcolina. Os cientistas acreditam que seja por meio desse processo que o pramiracetam otimize as habilidades cognitivas.
O pramiracetam dá um banho nos demais racetams quando o assunto é o potencial colinérgico. Somente o oxiracetam favorece a reciclagem de colina - mas não de modo tão intenso quanto o pramiracetam. O piracetam e o aniracetam afetam o sistema colinérgico por outros mecanismos - mas isso não é expressivo.
Ainda, para somar às particularidades do pramiracetam, relatos anedóticos geralmente são incisivos em julgá-lo como o racetam mais favorável para atividades que exigem concentração. Essas experiências não ecoam tanto ao se analisar os estudos científicos. No entanto, há uma referência ao pramiracetam facilitando um aumento de foco - feito com pacientes com Alzheimer que apresentavam sintomas de leves a moderados.
O estudo é do fundo do baú - de 1983 - e fala de um aumento do "comportamento direcionado a metas" (goal-directed behavior). Oposto ao hábito, nesse tipo de comportamento observa-se esforço para realizar uma tarefa e persistência para conclui-la. O combustível desse comportamento - a motivação ou incentivo que alimenta a persistência - é alguma recompensa.
Como, por exemplo: "se esforçar horas por dia a fim de passar num concurso", "ir para academia todos os dias", "guardar certa quantia de dinheiro por mês a fim de fazer aquela viagem". Pelo menos nos pacientes com Alzheimer, o pramiracetam reforçou comportamentos desse tipo: o nootrópico demonstrou-se capaz de aumentar o foco nas tarefas que tinham algum propósito.
Racetams são promissores - mas duvidosos
Um comprimido que talvez seja amargo demais para os adeptos da otimização cognitiva: não há sequer um estudo que de fato fundamente o uso dos racetams - além do piracetam - em indivíduos saudáveis. Sim - há uma coleção de evidências: desde uma massiva coleção de experiências pessoais até a vários achados científicos em patologias, modelos animais ou culturas de células que sugerem isso.
Mas o problema é: nenhum ensaio do tipo duplo-cego, controlado por placebo - usando bateria de testes neuropsicológicos modernos e validados - avaliou o poder dessas drogas em cérebros de humanos saudáveis. É importante levar isso em consideração. Apesar de promissores, não há como confirmar seguramente a eficiência dos racetams como otimizadores cognitivos (em pessoas saudáveis). Há apenas como especular.
Com a expiração das patentes dos racetams mais antigos, há pouco interesse em fazer qualquer estudo de larga escala com tais drogas. E que dirá, então, um estudo usando modelos rigorosos e atuais para avaliar seu efeito em pessoas saudáveis - quando o propósito de um fármaco é tratar doentes. E, no final das contas, doenças vendem mais que cosmética cerebral.
Diante disso, grandes são as chances de que os paladinos dos racetams continuem sedentos e sigam se escorando em artigos científicos pequenos e obscuros que remontam os anos 70 a 90. Ou então nas evidências anedóticas - pilhas de relatos intermináveis que veneram tais drogas. A seca de informações científicas sólidas sobre os racetams não parece, contudo, pôr freios na degustação desenfreada dessas receitas.
Há bastante diferenças entre o piracetam e o seu sucessor aniracetam. Podemos começar pelos dados mais técnicos. O aniracetam é um prato que causa saciedade em porções menores. Em Farmacologia, isso é chamado de "potência de uma droga". Não significa, necessariamente, que seja mais forte - apenas que requer doses menores para o mesmo efeito. Esse análogo do piracetam é comumente usado em doses totais de 1000-1500 mg, que são divididas em duas vezes ao longo do dia.
*Preços consultados para fins informativos no Powder City, desconsiderando custos de importação e considerando US$ 1,00 = R$ 4,00 |
O aniracetam também se distingue dos demais racetams por ter um efeito bem mais pronunciado em proteínas chamadas de AMPA. De fato, foi o aniracetam que inaugurou as pesquisas sobre as AMPAquinas. Para quem não conhece, essas são drogas que seriam capazes de tornar o cérebro uma esponja diante do conhecimento. A DARPA, instituição americana que se ocupa em desenvolver "surpresas tecnológicas para os inimigos dos EUA", investiga as ampaquinas, a fim de aumentar o desempenho militar. Uma visão um pouco mais detalhada sobre elas aqui, em inglês.
Não sei dizer se as ampaquinas mais fortes e mais seletivas - por ora, drogas experimentais - realmente darão frutos e criarão um exército com super memória. Mas é bom saber que elas se inspiram no mecanismo de ação do aniracetam - uma ampaquina fraca. Ao interagir com as proteínas AMPA, o aniracetam aprimora a comunicação dos neurônios com o neurotransmissor glutamato. Esse mensageiro químico está intimamente envolvido com o aprendizado e a memória - atividades que são, então, favorecidas com a modulação dos receptores AMPA pelo aniracetam.
A teoria por trás do aniracetam parece perfeita. Mas, e na prática, o que a ciência diz sobre os seus efeitos? Um estudo já investigou o potencial nootrópico do aniracetam em indivíduos saudáveis. Para tal, os pesquisadores usaram o chamado "modelo da escopolamina". Os voluntários recebem a escopolamina - que é como um "anti-nootrópico". Ela deteriora as capacidades cognitivas temporariamente.
O autor do estudo explica: "O sistema colinérgico está envolvido com a atenção (...). E a escopolamina antagoniza o sistema colinérgico, tornando (os voluntários) desatentos e causando amnésia", diz Keith Wesnes. O resto dessa história, você já deve imaginar: basta colocar o aniracetam em ação e verificar se essa droga seria capaz de combater os efeitos negativos da escopolamina. "O que nós descobrimos é que o aniracetam foi muito eficaz - e claramente reverteu os efeitos da escopolamina", diz Keith Wesnes.
Aniracetam é vendido como Ampamet na Itália emm comprimidos revestidos de 750 mg |
A afirmação que Wesnes faz é ousada - ainda mais considerando que o estudo apenas comprovou que o aniracetam restaura a cognição frente a um agente química que prejudica o raciocínio. Mas e em indivíduos que estão funcionando no seu nível ótimo? Wesnes diz que "esses compostos (os racetams) não necessariamente precisam de prejuízos temporários a cognição para demonstrar benefícios".
Diferente do piracetam, o aniracetam também possui efeito ansiolítico - isto é, ele diminui a ansiedade. Para você colocar em perspectiva a magnitude desse efeito, considere que uma das sequelas debilitantes de um AVC é a ansiedade. Cientistas estimam que um em cada quatro pacientes de AVC sofrem de estresse pós-traumático - forma grave de ansiedade. O aniracetam tem sido usado com sucesso em alguns países para o alívio da ansiedade pós-AVC.
Tais efeitos ansiolíticos também já foram demonstrados em um estudo feito com camundongos. Na verdade, o aniracetam se mostrou eficaz no combate à ansiedade em mais testes do que o diazepam (primo do Rivotril). Nos roedores, melhoras como o aumento da interação social foram observados. Os cientistas japoneses que publicaram o artigo demonstrando tais efeitos ansiolíticos tentaram entender a raiz dos benefícios calmantes.
Eles apresentaram razões convincentes para crer que o aniracetam afeta receptores de dopamina e serotonina - algo incomum para racetams. Ainda, o aniracetam aumenta os níveis de dopamina e serotonina no córtex pré-frontal - área do cérebro envolvida com a expressão da personalidade e as funções executivas (tomada de decisões, atenção, foco e memória operativa). Esses mesmos pesquisadores também demonstraram que o aniracetam possui efeitos antidepressivos.
Oxiracetam: o racetam estimulante
O oxiracetam tem a mesma roupagem que o piracetam - muda-se só um "detalhe". Se você comparar rapidamente para as estruturas químicas dos dois, vai achar que estamos falando do mesmo composto. Mas, não: o oxiracetam possui uma hidroxila (tradução: um radical -OH) ligado ao carbono 4 do anel pirrolidônico. Pode parecer insignificante - mas só por causa disso, temos dois compostos completamente distintos!
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Tudo bem, deixemos a química de lado por ora e vamos para a parte prática. Essa não poderia ser mais entusiasmante - com alguns estudos mostrando que o oxiracetam beneficia a memória de modo mais intenso do que o piracetam. Num estudo, roedores foram treinados de modo a aprender que uma plataforma era eletrificada. Sim, eles levaram alguns choques no meio do processo para fixar o aprendizado. Lição pelo medo. Nesse processo, alguns roedores receberam oxiracetam, outros piracetam.
O objetivo em usar os nootrópicos era conferir, mais tarde, como eles influenciavam a memorização. Para isso, os pesquisadores mediram o tempo que os roedores levavam até pisar na plataforma eletrificada. Aqueles que haviam usado oxiracetam foram mais inteligentes. O desempenho deles no teste de memória foi "evidentemente melhor" que o grupo que ficou com o piracetam. Ou seja: o oxiracetam foi mais eficaz em aumentar a memória. Se você precisa de um nootrópico para registrar melhor experiências traumáticas, o oxiracetam é para você.
Um uso inusitado (e inusitado é só um eufemismo) para o oxiracetam é o de criar bebês mais inteligentes. Sério: Lana Asprey usou o oxiracetam durante a sua gestação - como conta num livro onde ela dá instruções para um "bebê mais saudável, inteligente e feliz". E, sim, trata-se da mulher do Dave Asprey, aquele biohacker que iniciou o escarcéu do café à prova de balas.
Apesar de Lana Asprey ter levado a neurocosmética a um nível extremo, ela não está totalmente insana. Na verdade, há um estudo isolado que corrobora essa finalidade do oxiracetam. Trata-se de um estudo italiano, feito em camundongos, que investigou se o oxiracetam poderia causar algum dano ao embrião. Para isso, "camundongas" (com perdão ao neologismo) grávidas receberam o oxiracetam durante toda a gestação. Outras receberam apenas um placebo - também até "darem à luz".
Resultado: o oxiracetam não foi tóxico para os filhotes. Na verdade, a prole das camundongas que usaram o nootrópico saiu na vantagem! Os filhotes que foram expostos ao oxiracetam antes de nascer tiveram um desempenho cognitivo maior - e tudo isso de modo duradouro. Eles mostraram ser mais curiosos do que os filhotes do grupo exposto ao placebo logo no primeiro mês de vida. E, a três meses de idade, eles tinham um desempenho significativamente melhor em testes que mediam a memória.
O oxiracetam é vendido na Itália sob o nome Neuromet em comprimidos de 800 mg |
Num desses estudos, após três meses de terapia com o oxiracetam, 272 pessoas com demência tiveram um aumento na memória. Considerando outros estudos sobre o potencial do oxiracetam em pacientes com déficits de memória, isso já não deve mais uma surpresa. No entanto, o que esse estudo também avaliou foi a concentração dos pacientes. E o oxiracetam foi capaz de aumentá-la (ou, numa colocação mais exata: restaurá-la).
No estudo feito com idosos com "Síndrome Cognitiva" (uma classificação em desuso), o oxiracetam se mostrou capaz de reduzir a fadiga e aumentar a motivação dos pacientes. Curiosamente, o que os pesquisadores notaram ao realizar um eletroencefalograma foi uma "normalização" na frequência das ondas cerebrais desses idosos. Antes, eles tinham um excesso de ondas delta e teta - aquelas compatíveis com estados de sonolência e adormecimento.
Não apenas o oxiracetam demonstrou eficiência em diminuir a atividade das ondas delta e teta, mas houve um incremento da atividade das ondas alfa e beta - aquelas que são marcantes em estados de maior atenção e raciocínio complexo. Isso levou os pesquisadores à conclusão de que os nootrópicos podem compensar os "déficits no sistema de regulação da vigília" - sintoma que estava presente nesses idosos.
O que é mais curioso ainda: um estudo de 1986 também conferiu as alterações que o oxiracetam provoca num encefalograma - mas dessa vez foi em indivíduos completamente saudáveis. Os voluntários haviam recebido 5 mg de diazepam, um ansiolítico da mesma família do Rivotril, o benzodiazepínico mais querido no Brasil. Na manhã seguinte, receberam 1 grama de oxiracetam na veia ou placebo.
Os "zepams" costumam vir com um preço em longo prazo: uma deterioração da memória. Mas, mesmo quando usado só uma vez, eles podem causar uma queda na velocidade de raciocínio, concentração e também desinibição. Pois o oxiracetam foi capaz de reverter o eletroencefalograma "chapado" daqueles que haviam usado o calmante. O nootrópico teve um efeito dramático na redução da atividade das ondas delta - aquelas de sono profundo.
Ao mesmo tempo, o oxiracetam fez com que duas regiões, em especial, entrassem "em alfa". Tanto o lobo frontal, que processa a inibição e as funções executivas; quanto o lobo temporal, intimamente relacionado com o processamento da linguagem experimentaram um aumento na atividade das ondas alfa. Assim, o oxiracetam restaurou o eletroencefalograma desses pacientes de volta ao padrão natural - indicando maior vigília e alerta - mas sem abolir os efeitos ansiolíticos do diazepam.
Diante dessas evidências, um banco de dados já deu algumas estrelas ao oxiracetam no quesito estimulante. O HZI Data Bank Classification Systems, de acordo com este estudo, julgou o oxiracetam como um "composto que intensifica o estado de vigília". Há um abismo entre o oxiracetam e um composto eugeróico (como o modafinil - leia mais aqui). Os efeitos estimulantes desse racetam aparentam ser leves - mas não são negligenciáveis.
Pramiracetam: o racetam do foco
Ao falar do pramiracetam, estou adentrando a penumbra do mundo dos racetams. Não trata-se de um racetam "moderno" - na verdade, a ciência conhece o pramiracetam desde 1978. O mérito da receita vai para cientistas belgas que trabalhavam para a Parke-Davis (que hoje é subsidiária da famosa companhia farmacêutica Pfizer).
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Pelo (pouco) que se sabe, trata-se de racetam potente - em especial comparado ao piracetam. Pelo menos para o tratamento de uma série de doenças que afetam as capacidades intelectuais, o pramiracetam se mostra eficiente em doses de 1200 mg - divididas em duas ou três vezes ao longo do dia. O pramiracetam já mostrou algum benefício mesmo em doses de 150 a 500 mg por dia.
Um estudo de 1991 avaliou a segurança e a eficiência do pramiracetam. Tal estudo foi feito no estilo duplo-cego, placebo-controlado, o Santo Graal das pesquisas científicas. Os voluntários eram homens que haviam passado por lesões cerebrais. Esses pacientes - que apresentavam problemas cognitivos como dificuldades com a memória - receberam pramiracetam, em doses de 400 mg, três vezes ao dia.
O que os resultados do estudo indicaram foi uma melhora notável dos pacientes que receberam o pramiracetam, quando comparados ao que receberam placebo - em especial na memória. A melhora no desempenho se manteve nos próximos 18 meses, já num ensaio clínico aberto. Melhor: mesmo um mês após pararem de tomar o pramiracetam, os benefícios não regrediram. Ou seja: a melhora cognitiva induzida pelo pramiracetam foi permanente.
O único estudo que verificou o uso do pramiracetam em humanos saudáveis não analisou seus efeitos como melhorador cognitivo. Em vez disso, os cientistas apenas atentaram para a capacidade do pramiracetam em reverter a amnésia induzida pela escopolamina. Nesse sentido, o pramiracetam foi capaz de reverter parcialmente os efeitos amnésicos da droga.
Há, contudo, um estudo que foi feito em ratos saudáveis. Os testes nos roedores mostraram que o pramiracetam possibilitou ganhos na memória de longo prazo - mas não teve efeito significativo na memória a curto prazo.
É verdade que o pramiracetam mantém-se numa área cinzenta do conhecimento científico porque muita pouca literatura foi escrita a seu respeito. No entanto, basta colocar a lupa em algumas nuances que esse nootrópico logo se destaca dos demais racetams.
Para início de conversa, o pramiracetam consegue "manipular" o seu cérebro ao interferir num processo chamado de recaptação de colina de alta afinidade.
Quando a acetilcolina é degrada em colina e acetato, essa colina pode ser reciclada. Ela é transportada de volta a um neurônio colinérgico, onde irá dar origem à acetilcolina novamente |
Daí, essa colina poderá ser reutilizada para fabricar mais acetilcolina - neurotransmissor envolvido com a memória. Mais sobre o processo de reciclagem na página 18 deste PDF.
O pramiracetam é vendido na Itália sob o nome de Pramistar em comprimidos de 600 mg |
O pramiracetam dá um banho nos demais racetams quando o assunto é o potencial colinérgico. Somente o oxiracetam favorece a reciclagem de colina - mas não de modo tão intenso quanto o pramiracetam. O piracetam e o aniracetam afetam o sistema colinérgico por outros mecanismos - mas isso não é expressivo.
Ainda, para somar às particularidades do pramiracetam, relatos anedóticos geralmente são incisivos em julgá-lo como o racetam mais favorável para atividades que exigem concentração. Essas experiências não ecoam tanto ao se analisar os estudos científicos. No entanto, há uma referência ao pramiracetam facilitando um aumento de foco - feito com pacientes com Alzheimer que apresentavam sintomas de leves a moderados.
O estudo é do fundo do baú - de 1983 - e fala de um aumento do "comportamento direcionado a metas" (goal-directed behavior). Oposto ao hábito, nesse tipo de comportamento observa-se esforço para realizar uma tarefa e persistência para conclui-la. O combustível desse comportamento - a motivação ou incentivo que alimenta a persistência - é alguma recompensa.
Como, por exemplo: "se esforçar horas por dia a fim de passar num concurso", "ir para academia todos os dias", "guardar certa quantia de dinheiro por mês a fim de fazer aquela viagem". Pelo menos nos pacientes com Alzheimer, o pramiracetam reforçou comportamentos desse tipo: o nootrópico demonstrou-se capaz de aumentar o foco nas tarefas que tinham algum propósito.
As diferenças em gráficos
SOLUBILIDADE EM ÁGUA
Os dois racetams mais solúveis são o oxiracetam e o piracetam. Por tal solubilidade em água, eles são mais facilmente excretados que o aniracetam e pramiracetam - solúveis em gordura.
DOSE MÁXIMA UTILIZADA
O piracetam é o racetam menos potente entre os mais populares. Doses de 4800 mg diárias parecem ser o ponto ótimo para o aumento cognitivo. O pramiracetam, por comparação, é usado para fins clínicos em doses de 1200 mg diárias - é 4 vezes mais potente. 1500 mg e 2400 mg são as doses máximas ao longo do dia para, respectivamente, aniracetam e oxiracetam. Tais doses também estão de acordo com o uso desses racetams para fins terapêuticos, com base em estudos analisados pelo Examine.
Em consulta ao PubMed, o piracetam é o racetam que aparece no título de mais artigos. Recebeu 46 vezes mais atenção dos cientistas que o pramiracetam.
NÚMERO DE ESTUDOS
Um comprimido que talvez seja amargo demais para os adeptos da otimização cognitiva: não há sequer um estudo que de fato fundamente o uso dos racetams - além do piracetam - em indivíduos saudáveis. Sim - há uma coleção de evidências: desde uma massiva coleção de experiências pessoais até a vários achados científicos em patologias, modelos animais ou culturas de células que sugerem isso.
Mas o problema é: nenhum ensaio do tipo duplo-cego, controlado por placebo - usando bateria de testes neuropsicológicos modernos e validados - avaliou o poder dessas drogas em cérebros de humanos saudáveis. É importante levar isso em consideração. Apesar de promissores, não há como confirmar seguramente a eficiência dos racetams como otimizadores cognitivos (em pessoas saudáveis). Há apenas como especular.
Com a expiração das patentes dos racetams mais antigos, há pouco interesse em fazer qualquer estudo de larga escala com tais drogas. E que dirá, então, um estudo usando modelos rigorosos e atuais para avaliar seu efeito em pessoas saudáveis - quando o propósito de um fármaco é tratar doentes. E, no final das contas, doenças vendem mais que cosmética cerebral.
Diante disso, grandes são as chances de que os paladinos dos racetams continuem sedentos e sigam se escorando em artigos científicos pequenos e obscuros que remontam os anos 70 a 90. Ou então nas evidências anedóticas - pilhas de relatos intermináveis que veneram tais drogas. A seca de informações científicas sólidas sobre os racetams não parece, contudo, pôr freios na degustação desenfreada dessas receitas.
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TEXTO: Matheus Pereira
IMAGENS: Thauan Mendes
Pesquisei e não achei nenhum lugar confiável para comprar o Modafinil e outros racetams. Você poderia me indicar um site de confiança para compra-los/importa-los.
ResponderExcluirO modafinil não pode ser importado legalmente - é uma substância controlada.
ExcluirRacetams podem ser comprados através de sites estrangeiros, somente, para uso pessoal. Não são vendidos por lojas nacionais.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirJá usou o Modafinil? Como conseguiu?
ExcluirSaída fácil é importar adrafinil.
ExcluirModafinil é Stavigile no Brasil. Só com receita contrada... Então vai no psiquiatra e joga a real pra ele dizendo que vc ta sem concentração por causa do trabalho e precisa dele pra estudar na faculdade.
ExcluirExiste algum estudo apontando conclusivamente os efeitos da mistura entre álcool e piracetam? A bula do nootropil apenas diz que a administração simultânea não interfere na concentração de cada substância, mas não indica possíveis efeitos no cérebro. É comum ver relatos de que o piracetam potencializa os efeitos sedativos do álcool (bem como de antidepressivos tricíclicos, entre outros fármacos). A levar em consideração isso, existiria um protocolo seguro de uso concomitante? Digamos assim: criar uma janela entre as administrações de piracetam e tomar umas cervejas neste intervalo. Estou preocupado com os possíveis danos neurológicos decorrentes de uma maior irrigação de sangue com concentração moderada de álcool no cérebro, danos esses que o piracetam deveria combater. Tem alguma experiência? O ebook aborda essas questões (tanto em relação ao álcool, como a medicamentos levemente sedativos, como amitriptlina e congêneres)?
ResponderExcluirNavegando pela web, me deparei com vários relatos bem assustadores a respeito dos racetams. Você poderia comentar sobre isso, Matheus?
ResponderExcluirTem aqui um artigo para ilustrar o que digo
http://selfhacked.com/2013/07/17/why-i-dont-supplement-with-piracetam/
Gente por acaso esses dias precisei tomar uma neosaldina para dor de cabeça aproximadamente meia hora depois de ter tomado um comprimido de nootropil que ja tomo faz 2 meses e oque note foi que parece que multiplicou o efeito do piracetam por 10 ou algo assim.
ResponderExcluirso que o efeito foi um pouco diferente foi mais o raciocinio bem rapido e os pensamentos tambem.
da pra perceber a diferença muito acentuada quando se toma com a neosaldina.
marcio guima - Goiania-go
centrant@gmail.com
Amigo, sou nova aqui....mas..uso...a Ritalina p turbinar meu cérebro....o q vc acha da ritalina? Muito veneno?
ResponderExcluirAlugo toma Stavigile que é tranquilo.. Sem efeitos colaterais pelo menos pra mim
ExcluirEu havia comprado Piracetam NOOTROPIL, Colina e acetil l-carnitina para tomar os três juntos, porém após acessar o site:
ResponderExcluirhttp://selfhacked.com/2013/07/17/why-i-dont-supplement-with-piracetam/
Quero distância do Piracetam. Recomendo a todos que estão pensando em tomar que visitem o site e vejam os relatos, são assustadores.
De nada adianta esse relato se ele não fala de onde comprou. Quem garante que o que ele comprou era mesmo original, limpo ?
ExcluirEsta página é um pote de ouro no fim do arco-iris.
ResponderExcluirTenho sempre me baseado no que leio aqui quando vou às consultas. E graças ao que tenho lido, tem ajudado melhorar meu tratamento. Obrigado
Muito bom o conteúdo do blog. Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirJá testou esse produto?
ResponderExcluirhttp://795-brain.worldnewsadmire.com/intl/qanx/inteligen/
onde eu compro oxiretam?
ResponderExcluire como faço para chegar no Brasil?
Eu usei piracetam por um período modesto a fim de turbinar minha experiência com estudos..os resultados foram satisfatórios. Eu recomendo, mas o que posso dizer é que os efeitos são passageiros, depois que parei de tomar eles sumiram.
ResponderExcluirOlá! Gostaria de experimentar o ANIRACETAM. Alguém sabe me dizer aonde consigo comprar? Obrigada. Gabriela. E-mail: gabi.v.veiga@hotmail
ResponderExcluirOlá. Parabéns pelo texto, de fácil leitura e bastante elucidativo. Estou adquirindo seu ebook ainda hoje. Tenho apenas 1 dúvida. Visto que o Powder City encerrou suas atividades neste 31 de março de 2017, você saberia indicar um outro local que o venda? Obrigado
ResponderExcluirSite Star nootropics é bom? E sabem como efetuar compra por ele sem ser pelo bitcoin????
ResponderExcluirTambém estou procurando lugares para encomendar os racetams... alguém conhece?
ExcluirTambém comprei o ebook esperando que houvessem dicas, mas não há....
Se alguém descobrir... meu email do hotmail é filipe.prados