sábado, 12 de dezembro de 2015

Análise de stack: Rhodiola rosea (Fisioton) + piracetam (Nootropil)


Combinar a Rhodiola rosea com o piracetam trás benefícios? É uma mistura arriscada? As perguntas parecem simples - mas as respostas são complexas



Vez ou outra, recebo algumas perguntas espinhosas por email. São pessoas que me questionam se está tudo bem em misturar o medicamento X com o medicamento Y. Minha conduta ao responder esses emails é sempre a de prefaciar que eu não sou médico. Apenas esse profissional está capacitado para fazer uma prescrição - e, certamente, isso acontecerá num consultório e não no correio eletrônico.

"Mas os médicos brasileiros sabem pouco sobre nootrópicos". Isso é mesmo verdade. No entanto, o seu médico é pago por um motivo. Se for necessário, ele terá que pesquisar sobre um medicamento a fim de melhor orientar o paciente. Não adianta fugir. Estude sobre o tema (a intenção do ebook Turbine Seu Cérebro e do blog é justamente essa), leia estudos e consulte a opinião profissional. Caso não haja essa cautela, no final das contas, quem pode sair perdendo será a sua saúde.

Depois de tantas e tantas ressalvas, eu tento contribuir com uma parte da equação: ofertar conhecimento. Sou um leigo. Não posso afirmar "essa combinação é segura - vá em frente e use". Porém, posso fazer uma pesquisa sobre a combinação de dois medicamentos - e reunir todas as informações que eu encontrar e repassar ao leitor. O resultado final tem valor preditivo - mas não definitivo - sobre como duas substâncias interagem entre si.

Sem mais delongas, vou responder sobre uma combinação sobre a qual já fui questionado por pelo menos duas vezes. Como a Rhodiola rosea (comercializada no Brasil sob o nome de Fisioton) e o piracetam (comercializado no Brasil sob o nome de Nootropil e Nootron) interagem num stack? Essa combinação é segura? O mais importante: eles podem deixar alguém "mais inteligente"?

Antes de tudo, vamos dar uma olhada rápida nesses dois nootrópicos individualmente:


Rhodiola rosea: a planta antiastênica
Rhodiola rosea, a raiz de ouro. Planta tem uso milenar - e cresce em regiões inóspitas
A Rhodiola rosea é um fitoterápico, isto é, um extrato vegetal. Trata-se de uma planta é extremamente curiosa: ela prospera nas regiões mais inóspitas possíveis. No topo das montanhas rochosas e frias de lugares como o Cáucaso, Alasca, da Sibéria - lugares extremamente hostis à vida - a Rhodiola rosea floresce.

Tamanha resiliência explica o fascínio que os antigos tinham pela Rhodiola. Eles acreditavam que, preparando o chá da Rhodiola rosea, poderiam receber um pouco da resistência da planta. Aquela raiz dourada lhes prometia energia, vitalidade e força.

Não é de hoje que a Rhodiola é usada. Imperadores chineses enviavam expedições para os cenários ermos da Sibéria. Todo esse sacrifício era para conseguir a raiz dourada capaz de combater a fadiga e tonificante. Já os vikings usavam a Rhodiola para potencializar sua estamina. Astronautas russos também se beneficiam dos poderes vigorantes da Rhodiola.

Embalagem do Fisioton, o nome comercial
do extrato estandardizado de Rhodiola rosea
no Brasil
Toda essa história é atraente e interessante. Mas uma história é apenas uma história. O que é que diz a ciência? Pois a pesquisa em torno da Rhodiola é mais que farta e confirma os benefícios da planta tanto no aspecto físico quanto no mental. Estudos russos foram feitos em segredo na época da Guerra Fria e só foram revelados somente em meados dos anos 90. Eles mostram que a Rhodiola é um excelente nootrópico.

O que os russos descobriram é que a Rhodiola rosea melhora a capacidade de aprendizado, a recuperação de memória e amplia a capacidade para "aguentar" o trabalho intelectual por mais tempo. Em testes cognitivos, os ganhos em velocidade e precisão conferidos pela planta impressionam. Essas são as revelações feitas no livro The Rhodiola Revolution, dos doutores Patrícia Gerbarg e Richard Brown.

No livro de Brown e Gerbarg, fala-se de um estudo em que testes cognitivos foram feitos por horas e horas a fio em voluntários saudáveis. Testes longos assim, que exigem concentração constante, parecem uma receita para fadiga e estresse. O que surpreende é que, sob essa tarefa enfadonha, os voluntários que usaram a Rhodiola rosea tiveram muito menos erros que o grupo controle (que tomou placebo).

Essa capacidade de resistir mais - mesmo sob estresse - também já foi demonstrada em jovens cadetes que tomaram a Rhodiola rosea [1]. Esses cadetes estavam estressados e fadigados: viviam sob uma rotina de exercícios físicos exaustivos e tarefas intelectuais não menos extenuantes. Pois, no estudo, mostrou-se que aqueles que usaram a Rhodiola rosea tinham níveis de fadiga consideravelmente menores que os grupos que receberam placebo ou nenhum tratamento. A fadiga foi avaliada por testes de percepção, memória e ordenação. Os cadetes que tomaram o extrato de Rhodiola rosea também relataram maior sensação de bem-estar.

Entre os fãs de musculação, a Rhodiola rosea também é cada vez mais usada. Os níveis de ácidos graxos (componentes da gordura) no plasma sanguíneo são reduzidos drasticamente com o consumo da Rhodiola rosea. Estudos dizem que a planta é capaz de aumentar as reservas intracelulares de energia na forma de ATP e de creatina-fosfato. Após exercícios físicos extenuantes, a Rhodiola rosea parece otimizar a recuperação da musculatura esquelética [2].

A Rhodiola rosea é usada para tratar a astenia - uma situação de fadiga crônica. A partir do seu efeito estimulante, ela restaura as funções cognitivas como atenção e memória. Também melhora o humor.
É importante notar que há um pré-disposto para o efeito da Rhodiola rosea: quem mais se beneficia dela são pessoas sob estresse e fadiga crônicos. Esses dois podem dar um prejuízo tremendo para o desempenho intelectual. A Rhodiola rosea parece atuar justamente promovendo o alerta e regulando o tônus emocional. Os benefícios cognitivos, em geral, são secundários ao efeito antifadiga [3]. Segundo a bula, ela estimula funções como o pensamento, análise, avaliação, cálculo, planejamento, atenção, memória e aprendizado.

Efeitos colaterais: "nenhum efeito adverso foi relatado (num grupo de 1375 pessoas)" [35].

Piracetam
Capa de introdução do subcapítulo do livro "Turbine Seu Cérebro" em que eu falo a respeito do piracetam. Clique aqui para saber mais sobre o ebook.
Com o piracetam, a história já é totalmente diferente. Enquanto a Rhodiola rosea é um composto fitoterápico, o piracetam é um medicamento sintético - isto é, feito em laboratório.

É daí que surge uma diferença fundamental entre esses dois nootrópicos que estamos analisando. "Piracetam" é uma alcunha para um único princípio bioativo - um composto isolado, do qual se espera um efeito fisiológico específico. Já ao falar de "Rhodiola rosea", estamos lidando com centenas de compostos bioativos, que possuem incontáveis efeitos em vários tecidos por todo o corpo.

O piracetam é o pai da família racetam. É a partir dele que surgiram vários outros nootrópicos com esse mesmo sufixo: como aniracetam, pramiracetam e tantos outros. Além disso, foi o próprio piracetam que inaugurou a classe de fármacos agrupados sob o nome de "nootrópicos". O mais interessante é que o piracetam surgiu por "acidente".

A intenção do seu criador, Corneliu E. Giurgea, nos anos 60, não era desenvolver uma "molécula da inteligência". A história do piracetam nos mostra que, mesmo partido de hipóteses erradas, descobertas fantásticas podem ser feitas na Ciência. Corneliu E. Giurgea queria mesmo era sintetizar um sonífero. Para isso, esse cientista se dedicou a estudar uma molécula que você tem naturalmente no seu cérebro: o GABA.

Em termos muito simplistas, o GABA é como um mensageiro químico sedativo: ele avisa para as suas células cerebrais que é hora de "relaxar". Sabe como alguém que toma álcool fica mais solto? A desinibição é graças ao GABA. Ele faz com que os impulsos nervosos fiquem mais lentos, o que induz a tranquilidade e também o sono.

Mas não dá para tomar o GABA oralmente. Ele não chega ao cérebro com muito sucesso. Então, os cientistas fizeram uma modificação aqui e ali na molécula do GABA. Eles chegaram num composto cíclico e derivado do GABA - o piracetam - que, esperavam, iria chegar ao cérebro e causar o sono. Você já deve saber que o resultado não foi esse.

O resultado foi, sim, inesperado quando foram feitos os testes em animais. Os ratos que receberam o piracetam não ficaram mais sonolentos. Só que, curiosamente, aqueles roedores passavam a explorar mais o ambiente onde estavam confinados. Mais que isso: o composto parecia ser completamente atóxico - mesmo em doses na escala de gramas por quilograma, ele mostrou-se praticamente inócuo em testes [3].

Isso motivou, é claro, os testes em humanos. Os voluntários dos estudos não se sentiam nem sedados, nem estimulados no sentido "cafeínico" da palavra. Eles relataram que o piracetam os fazia "pensar melhor" (conforme relatado aqui). Não havia, até então, nenhuma classe de medicamentos que correspondesse àqueles efeitos. Daí foi cunhado o termo "nootrópico". Assim que foi liberado para a comercialização, em 1972, o piracetam alavancou as vendas da UCB, a empresa farmacêutica que o produz até hoje.

O piracetam da UCB
O piracetam não parava nas prateleiras de farmácias. Isso porque ele mostrou-se uma terapia eficiente num grande leque de doenças que envolvem déficits cognitivos e doenças neurológicas (vertigem, nistagmo, mioclonia) [4].

Vedete da farmacologia dos anos 70, o piracetam encontrou sua aplicação em doenças como a demência senil, mal de Alzheimer e no tratamento de sequelas pós-AVC. Em pacientes que se recuperavam de afogamentos (onde o cérebro fica hipóxico) ou do abuso crônico de álcool, o piracetam também mostrou capaz de melhorar o prognóstico e regenerar capacidades cognitiva [4].

Anedoticamente, usuários relatam maior fluidez verbal
com o uso do piracetam
Uma das funções cognitivas onde o efeito do piracetam mais reverbera é na linguagem. Seus usuários enfatizam que o nootrópico promove a fluidez na escrita ou os faz falar com mais desenvoltura. Ainda de acordo com relatos, o piracetam parece facilitar a memória verbal e aquisição de aprendizados que chegam por meio da leitura ou por meio da audição (aulas, por exemplo).

Essas experiências encontram algum eco na ciência. Já foi demonstrado que o piracetam aumenta o desempenho em tarefas associadas com o hemisfério esquerdo do cérebro - aquelas que incluem a linguagem, a leitura e a escrita. O sucesso do piracetam quando contrastado com um placebo revelou-se num estudo de pacientes que perderam as funções da linguagem após um AVC. O grupo do piracetam teve uma recuperação notável [5].

O vermelho e o amarelo indicam as cores do cérebro que mais receberam oxigênio durante a recuperação dos pacientes com afasia. O PET scan mostra que os pacientes que receberam o piracetam tiveram uma recuperação melhor comparado com o grupo controle
O mais interessante desse estudo que acabei de citar é  que os cientistas nos mostraram que a recuperação veio com mudanças distintas no PET-scan (tomografia) dos pacientes. A imagem pode ser conferida acima. Houve um aumento do fluxo sanguíneo - e, logo, oxigenação e consumo de glicose - para regiões específicas do cérebro envolvidas com a linguagem.

O piracetam "ativou" o giro de Heschl. Essa é uma área do córtex do cérebro recrutada para processar tudo aquilo que ouvimos - as informações auditivas. O piracetam também é capaz de "ativar" a área de Wernicke, que é crucial para a compreensão da linguagem - é ela que nos permite agrupar palavras numa ordenação coerente e coesa. Outra região alvo do piracetam, pelo menos nesses pacientes é a parte triangular do giro frontal inferior (área de Broca), que também está envolvida com a articulação das palavras.

O que isso significa, em termos práticos? Além dos pacientes de afasia e de dislexia se beneficiarem com essa propriedade do piracetam [6], é possível que pessoas saudáveis também consigam otimizar suas habilidades com a fala e a escrita ao usarem a droga. Usuários relatam melhoras na fluência verbal - ficam mais eloquentes. Em voluntários normais, o piracetam já demonstrou-se capaz de aumentar a memória verbal de modo significativo após 14 dias de uso [7].

O piracetam parece facilitar o aprendizado e a recuperação de memórias tanto em animais quanto em humanos. Consta na bula da versão brasileira do Nootropil, na seção de informações técnicas, o seguinte:

Em animais, o piracetam melhora vários tipos de neurotransmissão, principalmente por meio de modulação pós sináptica da densidade e atividade dos receptores. Tanto em animais como em seres humanos, as funções envolvidas em processos cognitivos como aprendizagem, memória, atenção e consciência foram aprimoradas, em indivíduos normais assim como naqueles com deficiências destas funções [8]

No entanto, é bom saber que esse efeito não parece ser muito robusto em adultos saudáveis. O piracetam atua corrigindo déficits neuroquímicos no cérebro - e restaura as funções cognitivas que já estão impactadas por doenças ou envelhecimento. É por isso que os efeitos do piracetam são muito mais acentuados em quem já possui algum problema na memória e na atenção - e não em pessoas saudáveis [13] [14].

À direita, abaixo de "test performance" (desempenho nos testes), quanto maior a barra, melhor o desempenho da memória dos ratos no teste de esquiva inibitória. O estudo mostrou que o piracetam e a colina tem um efeito pronunciado quando usados juntos.

Evidências em animais indicam que esse duvidoso efeito pró-memória do piracetam em pessoas saudáveis poderia ser potencializado com a administração de colina [9] [10]. Esses estudos mostram que o piracetam e a colina possuem efeito sinérgico: quando eles estão juntos, tornam-se mais potentes do que quando usados isoladamente.

Como o piracetam e a Rhodiola interagem?
Numa consulta ao PubMed, não consegui encontrar nenhum estudo que tenha investigado o uso concomitante do piracetam e da Rhodiola rosea. É impossível validar com precisão a segurança e a eficiência dessa combinação da combinação de Rhodiola com piracetam diante disso.  Como manda a cautela, até provado o contrário, essa combinação não é segura.

Esse é o parecer definitivo. Portanto, para fins de conhecimento, pode adentrar num território puramente especulativo. Isoladamente, essas duas drogas são bem conhecidas. Temos numerosos estudos mostrando os efeitos do piracetam e da Rhodiola, isoladamente, na arquitetura molecular do nosso cérebro.

O que eu farei, agora, é uma comparação do perfil farmacológico do piracetam e da Rhodiola rosea. Isso será um trabalho completamente leigo, aviso com antecedência. Para isso, vou investigar quais neurotransmissores, neurotrofinas e neuropeptídeos (se algum) cada nootrópico afeta. Investigo quais as áreas do cérebro mais atraem esses nootrópicos. Investigar como eles interagem com outras células além das cerebrais. As possibilidades são imensas.

Vou discutir os pontos que eu considero mais relevantes.

O piracetam é um intensificador dos efeitos da Rhodiola porque aumenta a fluidez das membranas neuronais
A parte mais importante ao se analisar a interação do piracetam com qualquer droga psicotrópica é lembrar de uma propriedade bem distinta desse fármaco. O piracetam atua na membrana plasmática das células, aumentando a fluidez dessa estrutura [14]. O que isso significa?

Bom, você precisa entender, primeiro, o que é essa membrana plasmática e a sua importância. Pense na membrana plasmática como um envelope oleoso que reveste e protege as suas células. É aqui que a história fica mesmo importante: existem moléculas que ficam atravessadas na membrana plasmática ou então ficam flutuando sobre ela. São as proteínas. Elas são fundamentais para a comunicação entre as células. E, se não fosse por essa comunicação, você e eu seríamos uma grande pilha de células isoladas - em vez de indivíduos.



Pense no exemplo que mais nos interessa: o cérebro. Você pode acompanhar o processo que vou relatar - a neurotransmissão - no vídeo acima, a partir dos 30 segundos. Um neurônio possui várias bolsas (vesículas) recheadas de neurotransmissores (como a dopamina ou a acetilcolina ou tantos outros). Sob determinado estímulo, ele libera o neurotransmissor, que cai numa fenda - um espaço chamado de sinapse, entre um neurônio e outro. Aquele neurotransmissor (a bolinha roxa, no vídeo) se encontrará com um receptor específico - uma proteína que tem uma geometria específica para recebê-lo - em outro neurônio. Só com esse encontro que o neurotransmissor desempenhará a sua função.

É esse jogo de Lego representado na animação - de um neurotransmissor lançado por um neurônio encontrar um receptor específico em outro neurônio vizinho - que comanda boa parte da nossa inteligência. Esse é o princípio básico para que haja memória e aprendizado. As células devem se comunicar entre si - o sistema deve estar integrado. Isso só acontece quando os mensageiros químicos encontram as suas proteínas-alvo na membrana plasmática do neurônio pós-sináptico.

Animação da membrana plasmática
Mas, imagina só, quando se tem uma membrana "duras" demais  (o que é comum no envelhecimento ou em pessoas com dietas com excesso de gorduras saturadas. Pense como se você tivesse aplicado Botox no revestimento dos seus neurônios - aquelas proteínas que antes ficavam dançando ao sabor do movimento da membrana, agora ficam paralisadas.

Isso afeta a estrutura tridimensional dessas proteínas - o que prejudica o encaixe com neurotransmissores. Ainda, presas numa estrutura tão rígida, as proteínas não mais conseguirão se "dobrar" na presença do neurotransmissor pelo qual são atraídas quimicamente.

Nesse cenário, as chances do jogo de Lego dar certo são reduzidas. Uma membrana toda rígida faz comunicações muito fracas - o que é péssimo para formar memórias. Quando tal fluidez é restaurada pelo piracetam, o ambiente fica mais favorável para o encontro entre neurotransmissores e receptores. A própria liberação de neurotransmissores também é favorecida. Isso tudo potencializaria a comunicação entre dois neurônios, contribuindo para a formação de redes sinápticas -  para a integração entre os neurônios.

Demonstração do córtex pré-frontal (indicado
acima pelo tom mais escuro). Abaixo, demonstração
de uma sinapse com a liberação de dopamina
Mas por que tudo isso é importante nas interações medicamentosas? É que muitos nootrópicos elevam o nível de certos neurotransmissores. Já o piracetam aumenta as chances de que os nossos neurotransmissores encontrem seus receptores específicos. A partir disso, o piracetam pode ampliar o efeito de outros nootrópicos.

Veja o caso da Rhodiola rosea: ela atua no tecido cerebral, a partir da liberação de noradrenalina, serotonina e dopamina no córtex cerebral. Isso estimula funções cognitivas como o raciocínio, cálculo, planejamento e também a atenção, memória e aprendizado [12].

O córtex cerebral é justamente uma das regiões do cérebro onde o efeito positivo do piracetam nas membranas plasmáticas é mais notável  [13] . Em síntese, é possível que, por meio desse mecanismo, o piracetam amplie os benefícios cognitivos e o efeito estimulante da Rhodiola rosea. Mas é importante lembrar que o efeito do piracetam será muito mais notável em membranas que já estão comprometidas - que não é o caso de pessoas jovens e saudáveis.

A Rhodiola rosea potencializa os efeitos colinérgicos do piracetam

O piracetam parece aumentar o consumo de acetilcolina - neurotransmissor envolvido na memória e na atenção - no cérebro por mecanismos desconhecidos. A hipótese mais crível é de que o piracetam aumenta a liberação desse neurotransmissor [9] [17].

É muito possível que a Rhodiola rosea aprimore os efeitos colinérgicos do piracetam. Já foi demonstrado que vários de seus princípios bioativos conseguem frear moderadamente a atividade de uma enzima chamada de acetilcolinesterase [15] [16]. Essa enzima degrada a acetilcolina, promovendo a destruição do neurotransmissor.

Como a Rhodiola rosea inibe a enzima, ela aumentaria ainda mais os níveis de acetilcolina no cérebro, favorecendo os mecanismos colinérgicos do piracetam. Podemos especular que a combinação de colina, Rhodiola rosea e piracetam poderiam, desso modo, favorecer a memória e o aprendizado.

Rhodiola rosea pode combater a ultra estimulação do sistema glutamatérgico
Aparentemente, a Rhodiola rosea e o piracetam produzem efeitos opostos no que tange o neurotransmissor glutamato. Esse mensageiro químico é importante para que você consolide memórias e forme novos aprendizados.

A animação acima representa a ocorrência da LTP. Quanto maior for a estimulação de uma mesma rede de neurônios (ou seja, reforçando conhecimentos, repetindo experiências, etc), mais forte essa rede se tornará e maior a fixação do conteúdo. Isso é representado, no nível molecular, por um aumento de receptores plasmáticos para o glutamato e entrada maior de cálcio nas células
O glutamato, ao estimular repetidas (e repetidas) vezes seus receptores chamados de AMPA e NMDA, acaba levando à entrada de cálcio nas células. Essa passagem de cálcio pro meio intracelular seria o mecanismo gerador de algo chamado de Potenciação de Longo Prazo (LTP). Quando ocorre a LTP, as memórias se tornam melhor armazenadas no cérebro.

O piracetam parece facilitar a ocorrência de LTP por diversos mecanismos. Primeiro, o piracetam se liga à subunidades nos receptores AMPA (um daqueles que recebem o glutamato). Esse encaixe do piracetam com o AMPA é chamado de modulação alostérica positiva [18].

Em palavras simples, significa que o piracetam é capaz de induzir uma ampliação dos efeitos do glutamato. Quando o glutamato se encaixar naturalmente nos receptores AMPA, o resultado seria mais intenso que o normal. O glutamato seria "potencializado". Isso facilitaria a LTP e a consolidação das memórias.

Além de potencializar os receptores AMPA, o piracetam aumenta a densidade de receptores NMDA em 20% no cérebro de ratos idosos [19]. Ainda, o piracetam facilita a entrada de cálcio nas células, o que é um pré-requisito para ocorrer a tão desejada LTP [20]. Ainda outro estudo reafirmou a hipótese de que os efeitos do piracetam se devem a potencialização do influxo de cálcio para dentro das células [21].

Aqui, porém, estamos diante de uma enrascada. O leitor pode muito bem unir as peças desse quebra-cabeças, diante de tantas evidências do efeito do piracetam no sistema glutamatérgico. Tudo apontaria para o seguinte cenário: facilitação da transmissão glutamatérgica e, com isso, mais LTP - a fonte de construção de redes sinápticas fortes que nos fazem aprender mais.

Pois é. Essa hipótese é mais que razoável diante de tantos estudos. Mas, infelizmente, o buraco é mais embaixo. São décadas de estudo em torno do piracetam - mas nós não estamos nem perto de ter uma visão perfeita de tudo que ele faz. E prova disso é que um estudo feito in vivo analisou qual é o efeito que o piracetam teria na ocorrência de LTP no hipocampo [22].

Na palavra dos próprios cientistas dessa pesquisa feita na Hungria: uma intensificação da LTP poderia ser antecipada, mas isso não foi o que os dados mostraram. O estudo é de 1992 - e, de lá, para cá, a contradição ainda não foi resolvida.

Os mecanismos biomoleculares do piracetam indicam que ele facilita a transmissão glutamatérgica e, portanto, a ocorrência do LTP. No entanto, isso não foi confirmado in vivo
Só que não vamos quebrar muito a cabeça com essa contradição. Isso porque existe uma ainda maior para você refletir: o glutamato - o neurotransmissor do aprendizado - é uma faca de dois gumes! Ele é necessário para que você assimile novas informações e que elas fiquem bem  ancoradas na sua memória. Ele é crucial para desenvolver novas habilidades.

Mas aí está: em níveis muito altos (e realmente muito altos!), o glutamato causa uma ultra estimulação dos neurônios. Essa ultra estimulação não lhe torna uma esponja que vai absorver dois quilos de literatura sobre Física Quântica. Pelo contrário! Lembra que o glutamato deflagra um influxo de cálcio para dentro das suas células - e é daí que ocorre a LTP? Pois é: imagine agora um excesso de cálcio. Esse desequilíbrio é o ponto de partida para reações químicas em cascata que culminam na toxicidade intracelular.

Espero que eu não tenha dado um nó na sua cabeça com tantas e tantas contradições que cercam o piracetam! É sempre bom lembrar que o cérebro ama o equilíbrio - o excesso de qualquer neurotransmissor jamais terá um impacto positivo no final das contas. Uma revisão da literatura científica sobre a família racetam, que foi feita em 1994, também põe em dúvidas os efeitos do piracetam nos íons de cálcio:
O piracetam parece estimular a entrada de cálcio no interior dos neurônios; contudo, essa função é questionada sob a luz das descobertas de que um influxo persistente de cálcio pode causar prejuízos aos neurônios [23].
Rhodiola rosea tem papel neuroprotetor
Seja esse o caso do piracetam ou não seja (já que os resultados in vivo nos dizem que a LTP não é afetada pela droga), trata-se de um ponto a mais para o uso da Rhodiola rosea. 

Isso porque seus princípios ativos (com destaque para uma substância chamada de salidrosídeo) combatem justamente os desequilíbrios nas concentrações de cálcio nos neurônios.

A planta consegue estabilizar as concentrações plasmáticas desse mineral - impedindo excessos. Células tratadas com Rhodiola rosea são protegidas da neurotoxicidade  causada pelo glutamato (ou seja, pela entrada persistente de cálcio nas células). [24].



Mecanismos independentes
Algumas ações da Rhodiola rosea parecem não encontrar eco numa combinação com o piracetam. A Rhodiola rosea é capaz de regular o humor - com estudos mostrando benefícios do seu uso em pessoas com depressão. Comparada a um remédio antidepressivo sintético (sertralina), a Rhodiola rosea teve efeito menos potente em pacientes com a doença - mas exibiu menos efeitos colaterais [25].

Imagem da Internet reproduz a mensagem de vários estudos científicos, que indicam que a Rhodiola rosea tem alguma atividade antidepressiva e que também aumenta a sensação de bem-estar.
Isso ocorre porque a Rhodiola modula o uso de neurotransmissores como dopamina e serotonina em tratos nervosos no sistema límbico (vide bula). Em contraste, a literatura indica que o piracetam não interfere, geralmente, no comportamento. Na maioria dos casos, o nootrópico não exibe nenhum efeito em casos de depressão.

Parcas evidências sugerem um efeito ansiolítico com o uso crônico do piracetam em pacientes idosos ou aqueles que se recuperam do uso crônico de álcool [26]. Diferente da Rhodiola, o piracetam também não atua no sistema límbico - unidade do cérebro envolvida com as emoções e com o comportamento social [3].

Além disso, a Rhodiola rosea atua estimulando uma região do cérebro chamada de sistema reticular ativador (de acordo com o livro The Rhodiola Revolution). Essa área do cérebro é responsável por regular a sensação de vigília. O efeito estimulante da da Rhodiola rosea, portanto, poderia auxiliar pessoas que sofrem com a privação do sono. Apenas algumas poucas evidências sugerem que o piracetam aumenta o nível de alerta em pacientes geriátricos [27].

Maior oxigenação cerebral
Tanto o piracetam quanto a Rhodiola rosea podem aumentar a entrega de oxigênio no cérebro
Do mesmo modo que o Noopept, a Rhodiola rosea (em especial, novamente, o salidrosídeo) é capaz de aumentar a acumulação intracelular de uma molécula chamada HIF-1 (fator 1 induzível pela hipóxia) [28]. Eu sei que o nome parece assustador, mas não se assuste: todos tem o tal HIF-1 dentro das células. Trata-se de uma molécula-mestre que comanda a expressão de vários genes. Quando necessário - em casos de baixo oxigênio, o HIF-1 estimula a manifestação de trechos do DNA responsáveis por proteger o cérebro contra a baixa oxigenação.

Um desses é o gene de uma outra molécula, a eritropoetina. Trata-se de um hormônio responsável por induzir o nascimento de mais células chamadas de hemácias. Essas hemácias viajam pelo sangue carregando oxigênio para todos os seus tecidos. Daí, podemos teorizar, o abastecimento de oxigênio para o cérebro irá aumentar com a tomada de Rhodiola rosea.

Hemácias - células que carregam o oxigênio no sangue
O piracetam poderia potencializar esses efeitos. Isso porque já foi documentado na literatura científica que, em ratos, o piracetam estimula a eritropoiese (a criação de novas hemácias). Em ratos que receberam doses muito altas de piracetam (400 mg/kg), houve um aumento da incorporação de ferro nas hemácias recém-formadas, elevação no número de hemácias imaturas e aumento da maturação de eritroblastos (precursores das hemácias). Todos esses são indicadores de maior geração de novas hemácias [29].

A incorporação de ferro nas hemácias é fundamental para que a hemoglobina, uma proteína presente nessas células, consigam "sugar" o oxigênio. Justamente, outros estudos mostraram que o uso do piracetam aumenta a ligação entre a hemoglobina e o oxigênio [30] [31]. Especulativamente, isso seria favorável para a atividade cerebral, garantindo o abastecimento de oxigênio aos neurônios.

Ainda assim, é desconhecida a significância clínica desses achados tanto sobre o piracetam quanto sobre a Rhodiola rosea em humanos (o que dirá da combinação dos dois) E justamente por isso que, do meu entendimento leigo, essa combinação poderia levar à poliglobulia - um aumento acentuado no número de hemácias circulando no sangue. Levando esses estudos em consideração, seria prudente realizar hemogramas rotineiramente a fim de verificar se todos os parâmetros estão dentro do considerado normal. É por isso que o acompanhamento de um médico é tão fundamental.

Efeito anticoagulante do piracetam
O piracetam exerce atividade anticoagulante
Ainda falando de sangue, o piracetam também tem um efeito nas plaquetas, que são fragmentos de células responsáveis pela coagulação do sangue. O piracetam atua evitando a trombose - ele inibe a agregação das plaquetas [32]. Estudos mostram que o efeito do piracetam tem eficiência similar ao da aspirina na prevenção de infartos [33]. Por isso, em geral, não é recomendado não usar o piracetam com outros anticoagulantes.

No entanto, não há registros de problemas de sangramentos envolvendo a Rhodiola rosea (segundo o livro Rhodiola rosea). Ainda, de acordo com um estudo sueco, a interação entre a Rhodiola rosea e a varfarina (um poderoso anticoagulante) é "provavelmente negligenciável" [34]. Essas evidências indicam que o efeito anticoagulante do piracetam não parece ser potencializado pela Rhodiola rosea.

Dores de cabeça, agitação e insônia  são efeitos colaterais possíveis tanto para o piracetam, quanto para a Rhodiola rosea, conforme informam as bulas. Como são efeitos adversos que podem ocorrer com ambas as medicações, eles poderiam ser potencializados com o uso conjunto.

Conclusão da comparação do perfil farmacológico
No melhor do meu conhecimento (leigo), o uso da Rhodiola rosea com o piracetam deveria ser monitorado por um hemograma. Diante de toda a pesquisa, a única possibilidade de interação negativa séria que encontrei é um aumento indesejável da hemoglobina e de hemácias. É claro que eu não pretendo pôr um fim a essa discussão com o meu artigo - é bem provável que existam outras variáveis em jogo.

Olhando pro quesito de melhora cognitiva, o piracetam e a Rhodiola rosea parecem ter sinergia. Por mecanismos distintos, eles favorecem as funções do córtex cerebral - justamente a região do cérebro associada com as funções mais complexas de cognição. A combinação da Rhodiola rosea com o piracetam pode estimular a memória, atenção, consciência, linguagem, percepção e raciocínio.

Além disso, esses dois nootrópicos afetam de modo sinérgico a acetilcolina. Enquanto o piracetam (especula-se) aumenta a liberação e consumo de acetilcolina, alguns compostos bioativos da Rhodiola rosea impedem a quebra desse mesmo neurotransmissor. Como a acetilcolina tem papéis importantes na memória e no aprendizado, essas funções poderiam ser otimizadas com o uso conjunto de Rhodiola rosea e piracetam.

Ainda, o piracetam tem um efeito estimulante da entrada de cálcio nas células do hipocampo. Isso é um pré-requisito para a ocorrência da LTP - uma das mais importantes rotas químicas para a consolidação de aprendizados. Só que o influxo constante de cálcio para as células também pode deflagrar efeitos neurotóxicos. Isso é um cenário bastante improvável diante dos efeitos positivos do piracetam na recuperação de pacientes que sofreram AVC. Mas, ainda assim, a Rhodiola rosea mostrou-se capaz de corrigir desequilíbrios nas concentrações de cálcio nos neurônios.

Uso da Rhodiola rosea + piracetam na Medicina
Até aqui, temos que: 
- Essas drogas parecem ser seguras, quando usadas isoladamente. Elas tem efeitos colaterais raros e, quando eles ocorrem, são considerados brandos.
- Não há descrição do uso dessas duas drogas em conjunto na literatura científica.
- Por uma breve e superficial análise, podemos especular que, em conjunto, essas drogas poderiam promover alterações num hemograma - o que requer cautela e monitoramento. Além disso, não há nenhuma interação negativa aparente. 

Há relatos do uso da combinação de Rhodiola rosea e piracetam na Medicina
Justamente por causa desse último motivo que alguns médicos já usaram a combinação de Rhodiola rosea e piracetam - e com sucesso. O objetivo não foi, claro, aumentar a inteligência de um indivíduo saudável. O objetivo da combinação era, sim, tratar indivíduos doentes. Mas, ainda assim, esse uso tem importância na nossa discussão. 

Isso porque os médicos decidiram que - nessa situação - a relação de riscos/benefícios do uso dessa combinação era satisfatória o suficiente para o uso. Segundo relatos dos autores do livro The Rhodiola Revolution, Gerbarg e Brown, 15 pacientes receberam a combinação de Rhodiola rosea e piracetam - 3 deles lidavam com as sequelas de um AVC e 12 com as de um traumatismo cranioencefálico. Os autores relatam que "a Rhodiola rosea potencializou os efeitos do piracetam e melhorou a recuperação da linguagem" (relatado aqui).

No livro The Rhodiola Revolution, os médicos descrevem que "a Rhodiola rosea parece ser particularmente útil para pacientes com problemas cognitivos quando ela é usada junto do piracetam". 

As evidências anedóticas
Por fim, a última camada que podemos analisar é aquela do subjetivismo puro. Ou seja: as evidências anedóticas e sem valor científico - das pessoas que combinaram o piracetam com a Rhodiola rosea.

Num fórum da Internet, um usuário descreve, por exemplo: 
"Acontece algo curioso comigo quando eu uso a Rhodiola. Além do aumento do humor e da queda na ansiedade. Muitas vezes após usar a Rhodiola, memórias aleatórias da minha infância ou de 10 anos atrás chegam a mim espontaneamente. Não estou tentando me lembrar de nada, as lembranças simplesmente aparecem (...). Esse efeito parece ser aumentado ao combinar [a Rhodiola] com o piracetam".

Numa conversa com a Andreia Silva, que começou a usar essa combinação há apenas 3 dias, ela me disse:
Eu estava utilizando apenas o piracetam. Eu tomei ele sozinho - duas cápsula de manhã e duas a tarde - por uma semana. Eu percebi um leve aumento de foco e mais fluidez verbal. Porém, tudo isso foi muito sutil. 
Aí, há 3 dias, resolvi entrar com a colina e o Fisioton (Rhodiola rosea). Eu vi que precisava da colina, e por conta inclui também o Fisioton, pois queria mais energia também. Acho que poderia usar até um ginseng, mas achei o Fisioton mais específico para astenia física e mental, que é o meu caso. E ele é bem completo também. 
Eu tomo 2 cápsulas de piracetam, com 1 de lecitina (colina), e 1 de Fisioton de manhã e repito à tarde, umas 17 horas, por que estudo a noite toda. Eu começo a estudar umas 19 horas e percebi que tenho tido mais energia, foco, concentração. A fluidez verbal aumentou muito, tem horas que pareço estar tomando Ritalina, pois me sinto bem e quero falar, me expressar. 
Agora em relação outros efeitos, senti fortes dores no peito, mas passou. Não fui no médico, apesar da insistência do meu marido, acho que é questão de acostumar com os remédios. Também senti dores de cabeça quando só estava com o piracetam, mas nada muito forte, só incômodo. Essa mistura toda mexeu com meu apetite, para menos (graças a Deus!). 
Agora quanto a memória, sinceramente, estou no aguardo, pois não tive melhora alguma. Pelo contrário, estudei muito, mas muito mesmo para uma prova que faria hoje. Achei que os remédios iam me ajudar, e deu um branco enorme. Não conseguia lembrar de quase nada, ou as respostas vinham pela metade na minha mente. 
Eu sei que não existem milagres, mas estudei muito mesmo e não obtive êxito. Estava muito disposta e concentrada, mas a memória que é bom, nada. Foi frustrante. Li que o piracetam pode demorar um tempo para começar a fazer efeito, deve ser isso. Preciso ter paciência. Sinto como se estivesse montado uma loja linda e estruturada com ótimos atendentes, porém a loja ainda não tem produtos entendeu?
EDITADO: 12/10/2016
Um leitor deste blog também fez uma contribuição interessante ao compartilhar o seu relato com o uso da Rhodiola rosea. Confira a experiência dele abaixo:


EM BREVE: Relatos sobre o uso do Noopept

20 comentários:

  1. Olá Matheus, tudo bem?
    Primeiramente muito obrigado por estar trazendo esse conteúdo tão didático sobre nootropicos que no Brasil carecem.
    Vi a citação dos nootropicos pela primeira vez em um livro faz uns 3 dias e me interessou muito, seu blog caiu como uma luva e em breve comprarei o ebook!
    Pesquisando em alguns sites gringos, descobri que um nootropico muito favorito pelo pessoal de lá é o Aniracetam, que parece ser parecido com o piracetam só que mais potente. Queria saber se você já ouviu falar ou até experimentou.
    Confesso que estou até ansioso para começar a usar logo, mas tenho dúvida em relação a legalidade deles aqui no Brasil. Você acha em qualquer farmácia mesmo e sem nenhuma receita? Se eu comprar na Internet nos sites gringos corro o risco de não receber por causa da anvisa ou alfândega? E quanto a aqueles "suplementos" como alphabrain por exemplo, funcionam bem como os "remédios"? Desculpa te encher de perguntas assim hahaha
    Desde já agradeço.
    Forte abraço e sucesso

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    1. Olá, Paulo, tudo certo. E com você?
      Fico feliz que o blog esteja sendo útil. Já lhe desejo uma excelente leitura de modo antecipado.

      Nunca experimentei o aniracetam. Mas trata-se de uma substância sem registro aqui no Brasil. Isso significa que você não conseguirá manipulá-lo e muito menos comprá-lo. Por ser sem registro, ele não é produzido nem comercializado aqui.

      A única alternativa é comprar de sites estrangeiros ou de revendedores de produtos estrangeiros. Isso é legal. As substâncias sem o registro podem ser importadas para uso pessoal. Eu recomendaria conversar com um médico, porém, e não usar por conta própria. Sim, ele provavelmente terá que pesquisar antes de te orientar melhor, pois a substância é bem desconhecida por aqui.

      Quanto ao Alpha Brain, ele é um composto que inclui:
      - Bacopa monnieri: tem efeitos notáveis na memória de longo prazo de pessoas saudáveis. É apoiada por bastante pesquisa. Tem alguns efeitos ansiolíticos leves, mas há alguns efeitos colaterais leves associados com o seu uso. Eu dedico um subcapítulo ao Bacopa no meu livro.

      - Unha-de-gato: é tradicionalmente recomendado no tratamento de fadiga, tem propriedades anti-inflamatórias; não há muita pesquisa por trás dela.

      - Huperzia serrata: fonte de huperzine-A, alcalóide que aumenta a concentração de acetilcolina no cérebro. Vem sendo investigada contra o Alzheimer. Falo mais a respeito da huperzine no ebook.

      - Aveia-comum: alguns estudos sugerem que ela otimiza a performance cognitiva, mas esse efeito parece ser mais notável em adultos mais velhos. Nesse grupo de pessoas, a aveia-comum parece auxiliar na concentração.

      - L-tirosina: é um aminoácido precursor de dopamina. Apenas as megadoses parecem auxiliar na concentração e motivação. Também dedico um subcapítulo só para a l-tirosina no meu ebook.

      - Vitamina B6: participa da produção de vários neurotransmissores no cérebro - incluindo a serotonina, dopamina e norepinefrina. Falo mais a respeito dela no livro.

      - L-teanina: é encontrada no chá verde, aumenta as ondas alfa do cérebro, promovendo um "foco relaxado". Aumenta os níveis de GABA e também de dopamina no cérebro. Dedico um subcapítulo só para a l-teanina no livro Turbine Seu Cérebro.

      - Fosfatidilserina: encontrado no peixe, por exemplo. Está envolvida na redução do estresse e da excitação (o que pode auxiliar na concentração). Mostrou-se ligeiramente eficaz em um estudo de TDAH. De qualquer forma, ela é um componente importante das membranas celulares - logo, tem um papel estrutural e fundamental. Também aprofundo mais a respeito no livro.

      - Alpha GPC: é uma fonte "nobre" de colina- logo, oferta um substrato da síntese de acetilcolina, neurotransmissor importante envolvido na memória.

      - L-leucina: aminoácido essencial, auxilia na síntese de glutamato, neurotransmissor envolvido na capacidade de aprendizado (é fundamental para a LTP). É mais comum de se ver em suplementos para a academia do que para a cognição.

      - Vimpocetina: aumenta o fluxo sanguíneo em direção ao cérebro. Dedico um subcapítulo para a vimpocetina no meu ebook.

      - Pteroestilbene: é um poderoso antioxidante presente no mirtilo. Os antioxidantes ajudam a "limpar" o cérebro - combatendo os efeitos nocivos dos radicais livres. Falo sobre outros importantes antioxidantes no ebook.

      É isso. Considero a formulação do Alpha Brain bastante sinérgica - e as reviews sobre ele são bem positivas. Também é um suplemento apoiado por pesquisa científica (que, eles dizem, não tem embasamento...). De qualquer forma, é importante conversar com um médico antes do uso.

      Abraço

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    2. Muito obrigado pela dedicação na resposta, Matheus!
      O alpha brain parece ser muito bacana.
      Qual você pessoalmente prefere, ele ou o Ciltep?
      Abraço

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    3. Não tenho experiência nem com o CILTEP, nem com o Alpha Brain, então a minha opinião é apenas fundamentada na "teoria" por trás deles, minhas impressões e análise dos ingredientes de cada um.

      Dito isso, eu acredito que o CILTEP seja um suplemento melhor. Seus desenvolvedores parecem ter pensado com muito cuidado no porquê de cada ingrediente. Eles atuam em sinergia - um "coopera" com o outro para desencadear efeitos benéficos. A sinergia entre o alcachofra e a forscolina foi engenhosamente pensada, analisando os mecanismos biomoleculares de memorização. Houve outras adições no CILTEP para torná-lo ainda mais eficiente e corrigir possíveis efeitos desagradáveis (como a sonolência).

      Já no Alpha Brain, apesar dos ingredientes terem todos algum benefício (comprovado ou duvidoso) para as capacidades cognitivas, não vejo critério na seleção deles. É como fazer uma receita escolhendo ingredientes que, isoladamente, são deliciosos. Só, que, ao combinar todos eles de modo pouco seletivo, não há garantia de que o resultado final ficará melhor. É como se eles tivessem pensado: "vamos misturar várias coisas, boas para diferentes aspectos cognitivos e ver no que dá". Alguns ingredientes tem, sim, sinergia um com outro. Mas não todos os componentes da fórmula falam entre si. Ainda assim, as reviews a respeito do Alpha Brain são muito positivas - então, talvez, a receita tenha funcionado.

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  2. Matheus,
    Primeiramente gostaria de te parabenizar pelo excelente artigo. Sei que para atingir a riqueza de detalhes aqui descrita demanda muito tempo e estudo, então meus parabéns!

    Conforme descrito acima, quando passei a fazer uso diário da Rhodiola, memórias aleatórias de 5, 10 até 15 anos atrás chegam de maneira aleatória a minha consciência sempre pela manhã quando acordo. Todos os dias estou acordando com uma lembrança diferente, uma lembrança muito antiga, uma musica, nomes de pessoas que conheci, rostos de pessoas que a muito tempo não vejo, matérias estudadas quando criança, presentes ganhados dos meus pais. A caráter de teste irei começar a utilizar a Rhodiola juntamente com o Piracetam, espero não ter nenhuma reação negativa.

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    1. Anônimo, sinto muito pela demora em respondê-lo. Fico muito satisfeito em receber os seus parabéns. É muito bom ter o meu trabalho reconhecido!

      O seu relato sobre o Fisioton é muito interessante e, como você apontou, coerente com as outras narrativas que encontrei pela Internet. Para enriquecer o post, irei incluir ao longo do texto a sua experiência. Espero que não seja um problema. Qualquer coisa, avise ;)

      Obrigado por compartilhar.

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  3. Estou fascinando com essa compilação de conhecimento! Parabéns, Matheus Pereira! Fico feliz que existem jovens como você! Tenho certeza que você será um excelente médico-pesquisador!

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    1. Iago Pereira, eu que fico muito lisonjeado em receber o seu comentário. Realmente, espero trilhar esse caminho da pesquisa! Obrigado pelo elogio.

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  4. Olá. Excelente blog! Sempre tive dificuldades de concentração. Por vezes mania de começar algo e parar pq não connseguia me conecentrar. Já fiz terapia e falei sobre isso com minha psicologa ela disse que eu nã tinha nada. Mas ai para minha surpresa descobrir no inicio deste ano que tenho hipotireoidismo, o que faz com que muitas pessoas fiquem com o metabolismo lento, batimentos cardiácos lento, sono excessivo, esquecimento ocorre por muitas vezes, coisas báscias vc esquece de fazer por não lembrar. Enfim a lsta é grande. E aonde eu quero chegar com toda essa falácia? Bem eu indicaria principalmente as mulheres a procurar um endócrino, para ver a questão dos hormonios e fazer exames principalmente de tireóide. Gente não é brincadeira tá, mais cheguei a ter inicio de de Pãnico e depressão, tudo isso por causa de hormônios. Mas sugiro tb os homens procurar ver tb um médico. E enfim, após começar o tratamento estou bem melhor, mais disposta, além de mais focada nos estudos e concentrada. Um abraço a todos e sucesso

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    1. Olá, muito obrigado por compartilhar a sua experiência. De fato, um desequilíbrio hormonal e outras inúmeras condições podem causar fadiga e problemas cognitivos. Como você demonstrou, é fundamental que isso seja investigado junto com um profissional médico! Abraço

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  5. Pra quem estuda exatas e engenharia qual dos dois voce recomenda ? Atualmente uso nootropil

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  6. Rapaz, sou Farmacêutico com pós-graduação em farmacoterapia, e devo te dizer: PARABÉNS, principalmente pelo cuidado com as referencias daquilo que se diz... show

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    1. Obrigado, Elisson, por engrandecer meu trabalho. Ouvir isso de alguém com formação na área é um grande elogio.

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  7. Você já fez uso de Metilfenidato com Piracetam? Cheguei a usar num período, porém minha ansiedade tinha aumentado bem, provavelmente pq não diminui a dose do metilfenidato na época e o piracetam acabar intensificando os efeitos. Porém já fiz umas pesquisas e encontrei muitas opiniões opostas a respeito uns dizendo que a combinação pode levar a chamada "excitotoxicity" (não sei o termo usado em português) e outros falando que não ocasiona justamente por não se tratar de uma anfetamina como o Adderal.
    Voltei ao Piracetam recentemente, mas estou tomando a dose (2400mg + 350mg de Colina) juntamente com apenas 10mg de Metilfenidato, geralmente tomo 20mg-30mg 2x por dia (totalizando 50mg-60mg).

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    1. Aldo, no FAQ a seguir eu comento minha opinião sobre a interação do piracetam com a Ritalina (metilfenidato); http://www.cerebroturbinado.com/2017/01/faq-uso-do-piracetam-como-melhorador.html Confira o tópico 8. Abraço!

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  8. Tive exatamente a mesma experiência que a Andreia Silvia, mas usando somente o piracetam. Muito foco e fluidez verbal. Não senti melhoras na memória. Pelo contrário percebi frequentes brancos. Quando eu usava a vipocentina, senti dores no peito na altura do coração que aumentaram com uso contínuo do medicamento que foi receitado pela médica. Ao suspender minhas dores passaram. Hoje uso somente o piracetam, mas interrompendo seu uso de duas em duas semanas aproximadamente.

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    1. Há quanto tempo utiliza e o que tem sentido com o piracetam?? Tenho TDAH e utilizo o venvanse + brintellix (antidepressivo que afirmam ter uma influência direta na cognição)...

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  9. Qual seria a dosagem "ideal" desse stack?

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    1. Complementando a pergunta: já faço uso de cafeína + teanina para concentração, mas queria algo que ajudasse na memória também. É seguro unir os dois stacks? Há alguma outra substância mais recomendada que abranja as duas áreas (foco + memória)?

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  10. Ótimo trabalho de pesquisa...usarei tais conhecimentos, e, sim, o Modafifnil funciona. Tive aumento de concentração, além de dormir pouco, e uma grande auto confiança, parece que posso estudar 15 a 16 horas por dia...obrigado.

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