No entanto, aqueles que não sofrem de doenças neurodegenerativas acabam se interessando pelos nootrópicos, uma vez que eles anunciam a capacidade de melhorar a concentração, memória, percepção e até mesmo proteger o cérebro de danos químicos e físicos.
Para entender um pouco mais sobre os nootrópicos, é necessário voltar um pouco no tempo e visitar a Romênia do século XX. Foi lá que foi produzido o primeiro nootrópico, o Piracetam.
Conheça Corneliu E. Giurgea, o pai dos nootrópicos
Corneliu E. Giurgea |
Foi educado na Romênia, onde, na Universidade de Bucareste, recebeu um Ph.D. em Medicina. Depois de uma passagem pela Rússia e um pós-doutorado nos Estados Unidos, o doutor Giurgea chegou onde essa história realmente se passa: nos laboratórios da indústria farmacêutica belga UCB (Union Chimique Belge).
Na época, o conhecimento sobre o neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico) era muito
recente. Só em 1950 que ele foi reconhecido como parte do sistema nervoso
central dos mamíferos. A descoberta de que o GABA tinha efeitos sedativos, porém, criou
uma verdadeira corrida a fim de criar um medicamento com a estrutura química
semelhante a ele.
A corrida em busca de uma nova droga
Já que o GABA não é capaz de cruzar a barreira hematoencefálica, era necessário sintetizar uma droga que fosse capaz de chegar ao cérebro e que "mimetizasse" o GABA. A hipótese era seguinte: se fosse sintetizada uma molécula com estrutura semelhante à do GABA, ela se ligaria aos mesmos receptores de membrana que o GABA. Esperava-se, assim, produzir, uma droga com efeito calmante e que combatesse a ansiedade.
A corrida em busca de uma nova droga
Já que o GABA não é capaz de cruzar a barreira hematoencefálica, era necessário sintetizar uma droga que fosse capaz de chegar ao cérebro e que "mimetizasse" o GABA. A hipótese era seguinte: se fosse sintetizada uma molécula com estrutura semelhante à do GABA, ela se ligaria aos mesmos receptores de membrana que o GABA. Esperava-se, assim, produzir, uma droga com efeito calmante e que combatesse a ansiedade.
Em
1964, junto com sua equipe da UCB, o doutor Giurgea sintetizou uma molécula bem
parecida com o GABA: a estrutura era muito próxima, apenas com a substituição
de alguns grupos moleculares e a formação de uma estrutura cíclica.
UCB 6215: fazendo uma limonada a partir do limão
No entanto, a surpresa foi que UCB 6215, ou Piracetam, tal como foi chamada a nova molécula, não produzia efeito sonífero algum. Giurgea e sua equipe perceberam que tinham acreditado numa hipótese incorreta. Os derivados de GABA não produziam "inibição" extra na condução de impulsos nervosos.
UCB 6215: fazendo uma limonada a partir do limão
No entanto, a surpresa foi que UCB 6215, ou Piracetam, tal como foi chamada a nova molécula, não produzia efeito sonífero algum. Giurgea e sua equipe perceberam que tinham acreditado numa hipótese incorreta. Os derivados de GABA não produziam "inibição" extra na condução de impulsos nervosos.
Produto estrangeiro com piracetam alega que a substância "ajuda na memória, na concentração, e no bem-estar geral; além de reduzir o estresse e a fadiga" |
Diante desses resultados, Giurgea conseguiu a aprovação para estudar o Piracetam em humanos.
A pílula da inteligência: capaz de fazer "pensar melhor"
É aí que a história mudou totalmente de rumo. Como já era de se esperar, o piracetam também reduziu ou eliminou os sintomas de vertigem em humanos. Só que a droga surpreendeu os cientistas quando os participantes do estudo notaram um "efeito colateral" interessante.
Os pacientes diziam "pensar melhor" após a administração de Piracetam. A administração de doses frequentes não demonstrou nenhum efeito tóxico.
Tais relatos foram suficientes para que um outro cientista da UCB, Dr. Sorel, realizasse um estudo de Piracetam em crianças que tinham epilepsia. Piracetam não só mostrou-se eficaz para combater a frequência de convulsões, como também pacientes e suas famílias relataram "melhorias na capacidade cognitiva geral".
É aí que a história mudou totalmente de rumo. Como já era de se esperar, o piracetam também reduziu ou eliminou os sintomas de vertigem em humanos. Só que a droga surpreendeu os cientistas quando os participantes do estudo notaram um "efeito colateral" interessante.
Os pacientes diziam "pensar melhor" após a administração de Piracetam. A administração de doses frequentes não demonstrou nenhum efeito tóxico.
Tais relatos foram suficientes para que um outro cientista da UCB, Dr. Sorel, realizasse um estudo de Piracetam em crianças que tinham epilepsia. Piracetam não só mostrou-se eficaz para combater a frequência de convulsões, como também pacientes e suas famílias relataram "melhorias na capacidade cognitiva geral".
O Nootropil chega às farmácias
Piracetam foi comercializado como "Nootropil" e garantiu sucesso para a Union Chimique Belge |
Poderia
ter sido uma grande decepção para a UCB, mas, na verdade, foi o que garantiu a
companhia farmacêutica enorme fama na Europa (a UCB é, atualmente, uma
multinacional). Piracetam chegou às prateleiras das farmácias europeias em
1971. Foi um sucesso de vendas por um motivo inusitado: o doutor Giurgea tinha
criado uma espécie de "melhorador cerebral".
Nem sedativo, nem estimulante tal como a cafeína. Era algo completamente novo, e, portanto, não se encaixava em nenhuma dessas definições. Como se não bastasse, era uma substância que não causa vício, nem era tóxica.
Nem sedativo, nem estimulante tal como a cafeína. Era algo completamente novo, e, portanto, não se encaixava em nenhuma dessas definições. Como se não bastasse, era uma substância que não causa vício, nem era tóxica.
Um
estudo, em 1976, contou com voluntários universitários jovens e saudáveis. Nesse
grupo, parte recebeu um placebo e outra parte, Piracetam. A conclusão final foi
bem clara: estatisticamente, Piracetam melhorava a memória, eficiência mental e
inteligência.
Mas, assim como nos estudos do Dr. Sorel em crianças com epilepsia, houve uma segunda conclusão: os efeitos de Piracetam não eram imediatos. A droga tinha, sim, efeitos cumulativos e era a administração consistente que lhe garantia tais efeitos cognitivos benéficos.
O que são nootrópicos, segundo Giurgea
Mas, assim como nos estudos do Dr. Sorel em crianças com epilepsia, houve uma segunda conclusão: os efeitos de Piracetam não eram imediatos. A droga tinha, sim, efeitos cumulativos e era a administração consistente que lhe garantia tais efeitos cognitivos benéficos.
O que são nootrópicos, segundo Giurgea
Criava-se
uma nova classe de drogas outrora inexistente. Foi o próprio cientista romeno,
Giurgea, quem deu o nome: nootrópico (do grego, algo como "voltado/com
afinidade pela mente"). Ele criou vários critérios para classificas os
nootrópicos:
- As funções de memória e de aprendizagem devem ser significantemente melhoradas pelo nootrópico.
- As habilidades físicas para performar as tarefas aprendidas devem ser melhoradas.
- O nootrópico deve proteger o cérebro de estresses físicos ou químicos.
- Nootrópicos devem ter efeitos colaterais insignificantes.
- Nootrópicos não devem ser tóxicos ou causar dependências.
gostaria de saber mais sobre esse medicamento. entre em contato assim que possivel... obrigado..
ResponderExcluirtorres.gabriel156@gmail.com
le todo seu artigo sobre Noopept e estou pensando em comprar! gostaria saber se voce tomou de verdade o medicamento e se lhe causou algum efeito colateral...
ResponderExcluirGabriel, eu não usei o Noopept (por enquanto!). O Noopept é descrito como 1000 vezes mais forte que o piracetam. Eu não sei se essa alegação tem alguma validade científica, mas trata-se de um nootrópico com efeitos bem mais profundos e notáveis pelo o que eu li em fóruns estrangeiros. Assim que eu tiver o Noopept em mãos, irei falar sobre ele também.
ExcluirJá com o piracetam, eu sempre tive resultados satisfatórios e nenhum efeito colateral sério ou persistente. No entanto, essa foi apenas minha experiência. Recomendo que você converse com um médico antes de comprar.
Oi Matheus tudo bem?? qual dosagem vc tomava piracetam? estou a tomar a dois dias e até agora não percebi diferença. estou tomando duas vezes ao dia 800mg
ResponderExcluirItamar, são poucos os estudos científicos que investigam o uso do piracetam apenas para melhora cognitiva em quem é saudável. No entanto, mais de um desses chegou à mesma conclusão: a dose ótima é de 4800 mg por dia. Deixo as referências:
Excluirhttps://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10555876
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8272204
Minha recomendação é que não se automedique e converse com um médico antes. Você também pode ter interesse no Noopept, uma versão análoga ao piracetam que é mais barata e requer doses muito menores: http://cerebroturbinado.blogspot.com.br/2015/11/noopept.html
Mas vc toma piracetam, tem algum problema de memória? Eu sou saudavel e to afim de tomar
ResponderExcluirO piracetam é indicado para vários fins terapêuticos, mas muitos pessoas saudáveis o usam de modo "off-label" com o objetivo de melhorar as funções cognitivas. Esse uso deve ser avaliado, prescrito e orientado por um médico.
ExcluirEm outras palavras quantos comprimidos recomenda se tomar por dia , seriam seis por dia ? grato
ResponderExcluirslc3405@hotmail.com
Qual a dosagem ideal para quem ter pequenas percas de menorias.
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